Este blog busca problematizar a Realidade mediante a expressão de linhas múltiplas e signos dispersos.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
DO LADO SEM LUZ
Fora dos campos oficiais da Copa do Mundo, Haiti e mais cinco países que têm moradores acolhidos no Brasil disputaram neste domingo, 27, outra copa do mundo em São Paulo: a dos Refugiados. O vencedor foi o time caribenho, que, sob os gritos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, derrotou o Congo por 2 a 0 e recebeu dois prêmios: um troféu e uma réplica de chocolate da taça do Mundial da Fifa.
“Somos 15 jogadores. Cada um vai comer um pedaço só”, disse Gaedy Dura, de 27 anos, o capitão do time. “O troféu não (vamos dividir). Ele vai para minha casa. Depois pode ir para outro lugar.”
(...)
Fonte: Julia Affonso, O Estado de S. Paulo
domingo, 29 de junho de 2014
A COLÔMBIA JOGA POR MÚSICA
Está no Brasil uma seleção chamada Colômbia, que joga como os anjos, fresca, divertida e harmônica, doce e nada enjoativa, venenosa quando ataca, tensa quando defende, deliciosa com a bola nos pés, a nova rainha do Maracanã. Não há dúvida de que é a herdeira daquela geração que tinha de conquistar os Estados Unidos depois de causar admiração na Copa da Itália.
A Colômbia de Pékerman eliminou com uma beleza comovedora o briguento Uruguai. O jogo fui uma brincadeira de criança para a jovial e criativa Colômbia do excelso James Rodríguez.
A Colômbia tem uma equipe estupenda e, por enquanto, o jogador da Copa. James está acima de Messi e Neymar. Não apenas porque marcou mais gols, mas porque a maioria dos seus cinco tentos foram obras de arte, principalmente os dois do Maracanã. O 1 x 0 serviu para atestar a qualidade do próprio James e o 2 x 0 definiu a soberba atuação global colombiana, o sentido de equipe, a fluidez do jogo, a música do futebol, a capacidade para visualizar a partida e encontrar a fresta para fazer o passe e o gol. A bola assovia na Colômbia.
(...)
Fonte: Ramon Besa, El País
sábado, 28 de junho de 2014
PORNO-POLÍTICA
Desde que foi fundido à força pela ditadura com o Estado do Rio, em 1975, o Rio de Janeiro tem sido um cemitério de governantes, como Brizola, Moreira Franco, Garotinho, Rosinha e Sérgio Cabral, que saíram do governo como zumbis políticos. Mas o tal espírito carioca, sempre celebrado por sua irreverência, criatividade e independência, na política estadual tem produzido mais desastres do que avanços.
O espetáculo constrangedor da recente orgia partidária, protagonizado por arqui-inimigos que param de se acusar das piores baixezas e vilanias para se unir na busca do poder a qualquer preço, escancara a sem-vergonhice da cena política carioca, com a contribuição do paraibano Lindbergh Farias e do pernambucano Eduardo Campos, cuja união desmoraliza as duas candidaturas.
Uma coisa eles estão provando: têm estômago e não temem o ridículo.
O Rio de Janeiro é tão peculiar que o PT e o PSDB, que protagonizam a grande polarização nacional, aqui têm mínima expressão e reduzido poder de fogo. Além do “brizolismo de resultados” do PDT, as siglas menores se misturam e se confundem, só mudam os nomes dos candidatos.
É como se essa geleia fluminense fosse um grande PMDB, como nos tempos de Chagas Freitas, ao mesmo tempo governo e oposição, marcado pelo populismo, o oportunismo e a cafajestice, mas agora com expressivo eleitorado evangélico, disputado por Garotinho e Crivella. É mole?
Apesar de toda sua importância cultural, empresarial e política, falar de partidos políticos no Rio de Janeiro nos aproxima de Alagoas e Maranhão: são bandos de interesse guiados pela melhor oportunidade, digamos que não necessariamente desonestos, mas sem nenhuma qualificação profissional ou representatividade popular.
Nesse festival de pornopolítica fluminense, que envergonha até quem apenas o testemunha, o grande vencedor é o voto branco ou nulo. Pelo menos está servindo para o eleitorado saber com quem está lidando, se é que ainda tinha alguma ilusão, e se conformar em escolher o menos pior, com os aliados menos nefastos.
Pensando melhor: em que estado o quadro é muito diferente disso?
Nelson Motta
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Bases da ONU no Sudão do Sul registram recorde de refugiados
O conflito no Sudão do Sul levou a um número recorde de refugiados nas bases da ONU, superando pela primeira vez a marca de 100 mil. O fluxo demonstra a deterioração da situação no país mais jovem do mundo, que declarou sua independência em julho de 2011.
Em 25 de junho, a Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (MINUSS) registrou 101.333 refugiados em suas nove bases. Os deslocados vivem sob condições adversas, já que os centros de acolhimento não estão capacitados para abrigar um número tão grande de pessoas. A situação ficou ainda pior com as fortes chuvas das últimas semanas.
(...)
Fonte: O Globo
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Três britânicas encontraram mensagens com denúncias de supostos trabalhadores em roupas da rede Primark
Três consumidores britânicas encontraram pedidos de socorro pela suposta exploração de trabalho escravo em etiquetas de roupas da marca Primark, em Swansea, País de Gales.
Leia mais: Aplicativo mostra grifes envolvidas em trabalho escravo
De acordo com o site Daily News, duas das mulheres encontraram as mensagens em roupas em promoção (por US$ 17) na mesma loja da cidade da província britânica.
Outra consumidora em Belfast, na Irlanda do Norte, diz ser encontrado uma anotação de um suposto prisioneiro chinês denunciando trabalho forçado de 15 horas por dia para a produção de roupas.
Acredita-se que as mensagens tenham sido escritas por trabalhadores de fábricas em vários países. Todos os recados fazem referência a "horas exaustivas" de trabalho forçado.
"Fiquei chocada quando vi a mensagem na etiqueta", relatou ao site Wales online a consumidora Rebecca Jones, de 21 anos. "Eu costumava fazer compras na Primark, mas não farei mais. O aviso me fez refletir como minhas roupas são feitas".
A rede de lojas de departamento, conhecida por vender roupas a preços acessíveis, informou que iniciará investigações para descobrir a origem das mensagens.
(...) Fonte: iG. São Paulo
SEM CONSCIÊNCIA
O que muda então na avaliação (exame) do dito portador de transtorno mental? 1-o comportamento observável é sobretudo o afetivo-relacional: como o paciente sente e reage ao mundo? 2-as funções psíquicas não remetem a um centro organizador (a consciência, o eu, a pessoa) como modelo de conduta adequada; 3- a capacidade de autonomia social passa a estar ligada aos devires, ou seja, aos processos desejantes; 4- uma pesquisa destes devires se impõe no cerne da questão: que linhas existenciais (ainda, e, principalmente, as insólitas) o paciente constrói? que mundos produz? isso é essencial para a clínica, até mais do que obter um diagnóstico nosológico; 5- traçar, então, um plano de vida que implique a conduta social como movimento singular; o paciente não é, pois, o diagnóstico, sequer a doença (caso exista), e sim, uma composição de multiplicidades ("modos de ser"); resta usá-las como ato terapêutico inscrito no mundo; a diferença, enfim...
(...)
A.M.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
ISSO NÃO PÁRA
Ofensiva jihadista já deixou mais de mil mortos em junho no Iraque
Pelo menos 1.075 pessoas — a maioria civis — foram mortas no Iraque entre 5 e 22 de junho, período marcado pela violenta ofensiva de jihadistas sunitas, denunciou ontem o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Entre elas estão 757 civis, que morreram nas províncias de Nínive, Diyala e Salahuddin. Mais 318 pessoas foram mortas e 590 ficaram feridas durante o mesmo período em Bagdá e áreas no sul do país, muitas delas em explosões de seis carros-bomba.
"Este valor, que deve ser visto como mínimo, inclui uma série de execuções sumárias e execuções extrajudiciais de civis, policiais e soldados que estavam em combate. Outros morreram em bombardeios e fogo cruzado", disse o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville.
(...)
Fonte: O Globo
terça-feira, 24 de junho de 2014
CONSCIÊNCIA PESADA
A "consciência" chega depois. Ela é um efeito proveniente de estímulos que vêm de fora e com o cérebro estabelecem relações de uso. Caso o tecido cerebral esteja danificado (lesionado) os efeitos mudam. Este é o argumento médico. Ora, mas se o cérebro é matéria, óbvio, o que chega de fora também é matéria. São imagens formando a subjetividade. Assim, o chamado “mundo interior” não existe, senão como expressão corporal das imagens. Se estas são matéria, são afetos. O que muda então na avaliação (exame) do paciente portador de transtorno mental?
(...)
A.M.
Segredo
A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.
Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.
Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.
Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.
Carlso Drummond de Andrade
Necessitando pensar, pensei que é esquisito este costume de viverem os machos apartados das fêmeas. Quando se entendem, quase sempre são levados por motivos que se referem ao sexo. Vem daí talvez a malícia excessiva que há em torno de coisas feitas inocentemente. Dirijo-me a uma senhora, e ela se encolhe e se arrepia toda.
Se não se encolhe nem se arrepia, um sujeito que está de fora jura que há safadeza no caso.
Graciliano Ramos
segunda-feira, 23 de junho de 2014
O DESEJO FORMIGA
Toda a minha vida não passa de conflitos. E se não há conflitos por aí, ora, invento um, num piscar de olhos. Ontem eu disse que não estava mais amando? Estou mais apaixonado hoje do que nunca. Tudo voltou… […] Ela é tão jovem, tão bonita e tão triste que eu seria capaz de chorar. Esse é meu sentimento. […] Em seu mundo, todos penduram um Picasso em um local de destaque. Então está muito bem, por ela eu também penduraria um Picasso em um local de destaque. Como meu conhecimento da decadência do modernismo e a loucura cega do progressivismo como um estado de ânimo, uma rebelião estúpida e óbvia contra ressentimentos imaginários, medida contra meu amor por uma garota de 50 quilos? O que importa se eu alcancei grandes verdade sociais & espirituais na solidão do meu quarto e em meu livro enorme e em anos de meditação cuidadosa e compreensão psicológica - o que é minha arte? Meu conhecimento? Minha poesia? Minha ciência? - comparado a seus pezinhos? Sim, sim, sim, acabei de notar a “ondulação de seus dedinhos”. O velho Dimitri, já falei? Aqui não sou Dimitri, sou maior que Dimitri, porque sou o pai de Dimitri, o próprio pai Karamazov. Sou eu desperdiçando fortunas e o amor dos filhos por uma garota - e olhando com ansiedade da janela de minha miséria esperando por ela. Picasso… eu gostaria mesmo de pendurar Ticiano e Grant Wood. Paris… o que quero mesmo ver é Montana. O balé… são os filmes que passam a noite inteira na Times-Square que quero ver. Mozart… O que quero mesmo ouvir é Allen Eager. Mas por ela eu usaria um cavanhaque e fingiria ser um gênio literário, e faria observações proustianas, e seria, é óbvio, sensível.
Toda a minha vida não passa de conflitos. E se não há conflitos por aí, ora, invento um, num piscar de olhos. Ontem eu disse que não estava mais amando? Estou mais apaixonado hoje do que nunca. Tudo voltou… […] Ela é tão jovem, tão bonita e tão triste que eu seria capaz de chorar. Esse é meu sentimento. […] Em seu mundo, todos penduram um Picasso em um local de destaque. Então está muito bem, por ela eu também penduraria um Picasso em um local de destaque. Como meu conhecimento da decadência do modernismo e a loucura cega do progressivismo como um estado de ânimo, uma rebelião estúpida e óbvia contra ressentimentos imaginários, medida contra meu amor por uma garota de 50 quilos? O que importa se eu alcancei grandes verdade sociais & espirituais na solidão do meu quarto e em meu livro enorme e em anos de meditação cuidadosa e compreensão psicológica - o que é minha arte? Meu conhecimento? Minha poesia? Minha ciência? - comparado a seus pezinhos? Sim, sim, sim, acabei de notar a “ondulação de seus dedinhos”. O velho Dimitri, já falei? Aqui não sou Dimitri, sou maior que Dimitri, porque sou o pai de Dimitri, o próprio pai Karamazov. Sou eu desperdiçando fortunas e o amor dos filhos por uma garota - e olhando com ansiedade da janela de minha miséria esperando por ela. Picasso… eu gostaria mesmo de pendurar Ticiano e Grant Wood. Paris… o que quero mesmo ver é Montana. O balé… são os filmes que passam a noite inteira na Times-Square que quero ver. Mozart… O que quero mesmo ouvir é Allen Eager. Mas por ela eu usaria um cavanhaque e fingiria ser um gênio literário, e faria observações proustianas, e seria, é óbvio, sensível.
Jack Kerouac
ISSO NÃO PÁRA
Rebeldes iraquianos tomam posições na fronteira com Síria e Jordânia
Os insurgentes sunitas que avançam no Iraque capturaram durante o fim de semana dois importantes postos de controle na região da fronteira iraquiana com a Síria e com a Jordânia, além de quatro cidades no entorno das instalações fronteiriças.
Ontem, ao informar a perda de posições para o grupo radical Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil, na sigla em inglês), as autoridades de Bagdá tentaram dar uma interpretação positiva para as derrotas, declarando que tomaram uma “decisão tática” de se retirar das localidades.
(...)
Fonte: Estadão
domingo, 22 de junho de 2014
FRANCISCO LONGE DE ASSIS
Papa excomunga máfia italiana por 'adoração do mal'
O papa Francisco condenou neste sábado a máfia italiana pelo o que chamou de "adoração do mal" em uma missa na região da Calábria. A Calábria, no sul da Itália, é considerada a base da organização criminosa 'Ndrangheta, uma das mais influentes do país. O pontífice também excomungou os gângsteres.
Mais cedo, Francisco visitou uma prisão onde se encontrou com um homem cujo filho de três anos foi morto em um aparente "acerto de contas" envolvendo o não pagamento de uma dívida de drogas. Durante seu discurso, o papa criticou repetidamente o crime organizado e a corrupção.
(...)
Fonte: BBC brasil
O CÂNTICO DO DESEJO
"Amo tudo quanto flui ", diz o grande Milton cego de nosso tempo. Pensava nele esta manhã quando acordei com um grande e furioso grito de alegria: pensava em seus rios e árvores e em todo aquele mundo da noite que ele está explorando. Sim, disse comigo mesmo, eu amo tudo quanto flui: rios, esgotos, lava, sêmen, sangue, bílis, palavras, sentenças. Amo o líquido amniótico quando escorre da bolsa. Amo o rim com seus cálculos dolorosos, suas pedras e não sei que mais; amo a urina que escorre escaldante e a gonorréia que corre sem parar; amo as palavras de histerismo e as sentenças que correm como disenteria e refletem todas as imagens doentes da alma; amo os grandes rios como o Amazonas e o Orenoco, onde homens malucos como Moravagine flutuam através do sonho e da lenda em um barco aberto e se afogam nas cegas embocaduras do rio. Amo tudo quanto flui, até mesmo o fluxo menstrual que leva embora a semente não fecundada. Amo tudo quanto flui, tudo quanto tem em si tempo e gênese, que nos leva de volta para o princípio onde nunca há fim: a violência dos profetas, a obscenidade que é êxtase, a sabedoria do fanático, o padre com sua elástica litania, os palavrões da puta, o cuspe que corre na sarjeta, o leite do seio e o mel amargo que escorre do útero, tudo quanto é fluido, derretido, dissolvido e dissolvente, todo o pus e sujeira que ao fluir se purifica, que perde seu senso de origem, que faz o grande circuito em direção à morte e à dissolução. O grande desejo incestuoso é continuar fluindo, unido com o tempo, fundir a grande imagem do além com o aqui e o agora. Um desejo insensato e suicida, que é constipado por palavras e paralisado pelo pensamento.
(...)
H. Miller in Trópico de Câncer
CONTRA O MESMO
A psiquiatria não é proprietária da Saúde Mental, bem como a psicanálise não é proprietária do Inconsciente. Duas formulações elementares: elas seguem a lógica da análise institucional, ou seja, adotam uma concepção teórica que prioriza linhas institucionais inseridas em práticas sociais. Trata-se de uma posição firmada contra o cientificismo e contra o especialismo, pragas da modernidade. Ou melhor, as linhas institucionais são as próprias práticas, já que estão “presas” em nós de relações subjetivas. “Subjetivo” não designa, pois, a pessoa, o eu, o individuo, etc, categorias marcadas com o selo do humanismo ocidental. Ao contrário, “subjetivo” é uma forma de expressão social contextualizada na história da cultura onde a psiquiatria e a psicanálise, entre outras instituições, se instalam e produzem... modos de viver.
A.M.
No Iraque, xiitas voltam a se armar em Cidade Sadr
Enquanto extremistas sunitas avançavam sobre as fronteiras iraquianas, na maior favela do país, em Bagdá, partidários do clérigo xiita Muqtada Sadr recorreram às armas — e reforçaram temores da volta do Exército Mahdi, a temida milícia xiita que perseguiu a minoria sunita iraquiana e enfrentou as tropas americanas nos anos da sangrenta guerra civil que se seguiu à derrubada do ditador Saddam Hussein.
Ontem, dezenas de milhares de seguidores do clérigo, uniformizados, tomaram as ruas de Cidade Sadr, no Leste da capital, munidos de fuzis, foguetes e granadas de propulsão. Com apenas 40 anos, Sadr é um dos mais influentes líderes religiosos do Iraque. Alguns carregavam cartazes onde se lia: “Nós nos sacrificamos por ti, Iraque”, “Não ao terrorismo”, e “Não aos Estados Unidos”.
(...)
Fonte: O Globo
sábado, 21 de junho de 2014
DA BÍBLIA DO CAOS - NOVO EVANGELHO
I-A infância não, a infância dura pouco. A juventude não, a juventude é passageira. A velhice sim. Quando um cara fica velho é pro resto da vida. E cada dia fica mais velho.
II-Respostas às perguntas a que não fui perguntado:
Um artigo de psicologia - ai! - pergunta: "No banheiro você se sente nu ou despido?" Deixa eu ver:
- Despido: Somos nós quando tiramos a roupa.
- Nu: Uma outra pessoa qualquer (talvez porque não assistimos ao ato de ela se despir?) Cadáver assassinado também é nu.
- Nuinha: Mulher bonita.
- Pelada: Mulher na janela em frente, em geral bonita e vulgar. Criancinha recém-nascida.
- Desnudado: Artistas sem cache-sexe, atletas sem sunga, políticos.
III-Quando os eruditos descobriram a língua, ela já estava completamente pronta pelo povo. Os eruditos tiveram apenas que proibir o povo de falar errado.
.IV-Precisamos rever todos os princípios da Justiça. A Justiça que aceitamos é tão complicada, tão cheia de burocracia, que, acreditamos, dentro em breve ninguém mais terá coragem de ser malfeitor.
V-Deixa, eu explico: decisões tomadas por falta da memória coletiva, elaboradas no ventre dos conchavos, paridas na hora do oportunismo.
VI-Todo Juiz, mergulhado num julgamento de corrupção, sofre um impulso pra cima igual ao peso dos corruptos por ele inocentados.
VII-Repito um velho conselho, cada vez mais válido, sobretudo pro Congresso: Quando alguém gritar “- Pega ladrão”, finge que não é com você
VIII-São Jorge, segundo me dizem, há algum tempo foi destituído de sua santidade. Destituído quando a Igreja descobriu a história verdadeira: ele matou a donzela e foi viver com o dragão.
IX-Não. Nada que faço tem significado especial, ou algum outro. As circunstâncias traçam os acontecimentos e eu as sigo. Claro, faço parte das circunstâncias que alguém vai seguir.
Millor Fernandes
A VIDA FORA DA COPA
Está todo mundo tão concentrado nos jogos do Mundial, inclusive eu, e há ainda tantas semanas pela frente, que periga acontecer uma overdose. Será que vamos resistir na frente da televisão até o dia 13 de julho? Por ora, o fundamental é que a Copa não nos faça esquecer alguns acontecimentos importantes da vida fora dos estádios, como, por exemplo:
1 — que este mês os senadores vão funcionar apenas três dias e os deputados, quatro, mas receberão seus salários integralmente, o que dará uma média de R$ 8.900 por dia trabalhado no Senado e R$ 6.700 na Câmara. O sacrifício é patriótico, já que precisam estar descansados para cumprir o exaustivo dever cívico de torcer pela seleção;
2 — que, por essas e outras, os números estão confirmando um preocupante quadro de desinteresse pelas próximas eleições. Em uma pesquisa, 26% dos entrevistados não estão interessados nelas, e 29% têm pouco interesse. Só 16% se interessam. Outro sintoma: segundo o TSE, apenas 25% dos adolescentes de 16 e 17 anos tiraram seus títulos. No Rio, 27% dos eleitores vão anular o voto ou votar em branco;
3 — que o Exército insiste em tapar o sol com a peneira ao negar para a Comissão da Verdade a prática de “desvio formal de finalidade” em suas instalações durante a ditadura. A farsa prossegue, mesmo depois da confissão dos próprios agentes da repressão, como o coronel da reserva Armando Avólio Filho, ex-integrante do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército, que revelou ter visto o ex-deputado Rubens Paiva sendo torturado na carceragem do 1º Batalhão da PE na Barão de Mesquita. Nesse mesmo lugar, o tenente-médico Amílcar Lobo atendeu a Paiva agonizando. Se isso e muito mais não eram desvios, é porque eram norma;
4 — que a banda podre da PM continua agindo. Desde o desaparecimento de Amarildo, a folha corrida do grupo só fez aumentar. Pelo menos 15 deles já foram denunciados pelo Ministério Público. Testemunhas afirmam que o pedreiro foi torturado e executado dentro de uma UPP, Unidade de Polícia Pacificadora.
O caso mais recente é o do adolescente Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, morto com dois tiros de fuzil no Morro do Sumaré. Seu colega de 15 anos acusa dois cabos da corporação: “Vi ele dando os últimos suspiros”, disse o sobrevivente, que foi baleado nas costas e joelho, e só se salvou porque se fingiu de morto. Pode-se alegar que se trata de uma minoria, mas esses atos criminosos contaminam a imagem de toda a instituição;
(...)
Zuenir Ventura, O Globo
Como o perigo de desagradar provém principalmente da dificuldade em avaliar quais as coisas que se notam e quais as que não são notadas, pelo menos por prudência nunca deveria a gente falar de si mesmo, pois esse é um tema em que seguramente a nossa visão e a alheia não coincidem nunca.
Ao mau costume de falar de si mesmo e dos próprios defeitos, cumpre acrescentar, como formando bloco com o mesmo, esse outro hábito de denunciar nos carácteres alheios defeitos análogos aos nossos. E constantemente estamos a falar nos referidos defeitos, como se fora uma espécie de rodeio para falar de nós mesmos, em que se juntam o prazer de confessar e o de absolvermo-nos.
Marcel Proust
O FUTEBOL É TRÁGICO (e, por isso, ALEGRE)
Na Copa, mas não só nela, a mídia gosta de anunciar, antes, o resultado dos jogos. Ou, no mínimo, indicar o provável vencedor. Claro, há dados históricos que sustentam o palavrório jornalístico. Estes dados se tornam imagens prontas ao consumo: a "mística" da camisa, o peso da tradição, o nome do país (ou do time), o ranking atual, o ranking do passado, os títulos conquistados, etc.
Importante: estatísticas também podem iludir, ou, materialmente, produzir ilusões. Na verdade, a história do futebol é bem mais a de grandes zebras, surpresas desconcertantes, tragédias alegres, alegrias trágicas. Brasil, 1950... Hungria, 1954..., Brasil, 1982...
Por isso, convém por as barbas de molho...
A.M.
A BRECHA
Barbosa marca para quarta-feira análise de pedidos de mensaleiros
O ex-ministro José Dirceu pediu ao ministro Luís Roberto Barroso que mude sozinho a decisão do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, sobre o seu pedido de trabalho externo. A petição foi apresentada no dia seguinte a Barbosa anunciar que deixaria a relatoria de todos os processos relativos ao mensalão acusando advogados de agir “politicamente” no caso.
Apesar do pedido, Barbosa marcou para a próxima quarta-feira, dia 25 de junho, o julgamento de pedidos de condenados no mensalão relativos ao cumprimento de suas penas. Está na pauta a decisão sobre prisão domiciliar para José Genoino e sobre a concessão de autorização para trabalho externo de José Dirceu, Delúbio Soares, Romeu Queiroz e Rogério Tolentino. Barbosa abriu mão de relatar os processos nesta semana e o ministro Luís Roberto Barroso assumiu a função.
(...)
Eduardo Bresciani, O Globo
sexta-feira, 20 de junho de 2014
PRODUÇÃO DO ROSTO
Se o rosto é o Cristo, quer dizer, o Homem branco médio qualquer, as primeiras desvianças, os primeiros desvios padrão são raciais: o homem amarelo, o homem negro, homens de segunda ou terceira categoria. Eles também serão inscritos no muro, distribuídos pelo buraco. Devem ser cristianizados, isto é, rostificados (...)
Deleuze/Guattari - in Mil platôs
FELICIDADE PARA TODOS
Desde 1952 nos acostumamos a ver o "paciente mental" sob o efeito de algum remédio químico. Este se tornou peça essencial, não só para o tratamento, mas na constituição de uma subjetividade enferma. Há uma espécie de "endurecimento" dos processos subjetivos em prol de uma fármaco-crença valorizada em toda a parte onde haja sofrimento. Ora, em toda parte há produção de sofrimento. Daí... Na década de 90 do século XX, os fármacos avançam e substituem a psicopatologia. Pergunta-se: nos meios ditos psi, quem ainda estuda psicopatologia?
Tornou-se um hábito ver o paciente como expressão macilenta da química, induzida como milagre técnico-científico inquestionável. A Indústria produz, então, um "pensar" medicamentoso como campo por excelência da vontade de cura e/ou da melhora das patologias mentais. O Mercado dos remédios completa-lhe os passos epistemológicos com o objetivo maior que é o de manejar os sintomas. Curas são planejadas para 60, 90, 120 dias. À disposição dos consumidores, remédios para todos os males da alma, alguém duvida? Como tudo é sintoma, ou passou a sê-lo, (dada a degenerescência psíco-social imposta pela lógica do tempo capitalístico ), o objetivo "nobre" da psiquiatria tornou-se o de passar remédios, remédios, remédios à mão cheia e desse modo excluir o pensamento, a subjetividade, o desejo, a alegria, o senso crítico, a rebeldia, os afetos,a sensibilidade, enfim, a própria existência. Legiões de figuras-zumbis entorpecidas pela química do horror, vagueiam pelas ruas, no mundo alienante do trabalho, no cotidiano massacrante, nos círculos familiares encharcados de ódio amoroso, etc. Todos são contemplados.
A.M.
Black blocs invadem ato do MPL e depredam bancos e lojas em São Paulo
Depois de duas horas de passeata pacífica, o protesto do Movimento Passe Livre (MPL) em comemoração ao aniversário de um ano da revogação do aumento de 20 centavos nas passagens do transporte público paulista, começou a ter quebra-quebra. Segundo a Polícia Militar, cerca de 1.300 pessoas participaram do ato e, embora a maioria pedisse a continuidade do movimento sem vandalismo, alguns black blocs atacaram agências bancárias na Avenida Rebouças e picharam muros.
Também chegaram a destruir vidraças de uma concessionária de veículos. Todos os carros foram depredados, sendo um deles avaliado em mais de R$ 600 mil.
(...)
Mariana Sanches, O Globo
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Dizem que aqueles que estão nas alturas como que são atraídos por si mesmos para baixo, para o abismo. Creio que muitos suicídios e homicídios só foram levados a cabo porque o revólver já estava na mão. Aqui também há um abismo, aqui também há um declive de quarenta e cinco graus, do qual é impossível não escorregar, e algo incita irresistivelmente a puxar o gatilho.
Fiodor Dostoievski
As Coisas
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Servem-nos, como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos em um momento.
Jorge Luis Borges
Ministério Público do Trabalho acusa Odebrecht de trabalho escravo
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Araraquara (SP) ingressou com uma ação civil pública na qual acusa empresas do Grupo Odebrecht de “realizar, promover, estimular ou contribuir com a submissão de trabalhadores à condição análoga a de escravos, com o aliciamento e tráfico (nacional e internacional) de seres humanos”.
A ação foi movida pelo procurador Rafael de Araújo Gomes, que acusa o grupo de irregularidades nas obras de construção de uma usina processadora de cana-de-açúcar em Angola e pede R$ 500 milhões em danos morais. A companhia nega quaisquer irregularidades.
(...)
Fonte: Gustavo Porto, Estadão
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida
um certo gosto por nadas…
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas
e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática.
Manoel de Barros
México desbota o Brasil
As ruas lotadas por uma população multirracial. Mulatos, brancos e negros bebendo cerveja em quiosques onde ecoa o samba e o pagode. Uma gigantesca bandeira do Brasil pendurada no guindaste de uma obra. Um estádio que canta entusiasmado o hino a cappella para uma seleção que veste as suas cores tradicionais: camisa amarela, calção azul e meias brancas. Cores que sempre evocam lembranças de fantasia nas Copas.
Mas, em campo, o Brasil não foi o Brasil e empatou sem gols contra uma seleção mexicana robusta, bem posicionada, com ideias claras ao ter a posse de bola e um goleiro, Guillermo Ochoa, que deu um show de reflexos quando foi exigido. O Brasil foi esse sucedâneo desbotado, musculoso e fabril, sustentado pelo resultado, por aquela conquista da Copa dos Estados Unidos de 94, que acabou por enterrar o futebol arte.
(...)
Fonte: El País
terça-feira, 17 de junho de 2014
PIRAMBU CONTRA O MÉXICO
Pirambu é uma das maiores e mais peculiares favelas do Brasil. As milhares de moradias baixas, feitas de chapas e tijolos à vista, não se amontoam sobre os morros que circundam a cidade. A cerca de 100 metros, as ondas do Atlântico, que delimitam o território, golpeiam esse gigantesco subúrbio quente, que mistura insegurança e humildade. O lugar pouco se parece com a avenida Beira Mar, invadida por turistas mexicanos que degustam cerveja, lagosta e camarões à espera do confronto de hoje.
Pirambu se estende pela orla da zona oeste de Fortaleza, onde o Brasil aguarda o resistente México de Miguel Herrera. Desde a Copa das Confederações de 2013, a capital cearense conquistou Luis Felipe Scolari e seus jogadores. Foi no estádio Castelão que a torcida brasileira cantou pela primeira vez o hino nacional a cappella, o que tanto impressionou a Espanha na final.
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Fonte: Ladislao J. Moñino, El País
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Manifestantes e policiais entram em confronto em ato contra a Copa
Policiais militares e um grupo de manifestantes que faz um protesto contra a Copa do Mundo entraram em confronto na Zona Norte da cidade na noite de domingo. Os ativistas saíram da Tijuca em direção ao Maracanã, mas não conseguiram se aproximar do estádio devido a uma barreira de pneus e de policiais militares.
Bombas de efeito moral foram lançadas contra o grupo na Avenida Maracanã e na Rua Dona Zulmira, por onde homens do Batalhão de Choque (BPChq) avançaram. Na Boulevard Vinte e Oito de Setembro, em Vila Isabel, houve confronto. Policiais foram atacados com pedradas e coquetéis molotov. Alguns bancos da região foram depredados.
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Fonte: Bruno Amorim e Rodrigo Berthone, O Globo
ISSO NÃO PÁRA
Extremistas islâmicos reivindicam a morte de 1.700 soldados iraquianos
Militantes do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (Isis) alegaram, ontem, ter matado 1.700 soldados do governo iraquiano, e divulgaram fotos da suposta chacina na internet para comprovar suas alegações.
A autenticidade das fotos não foi verificada, e funcionários do governo do Iraque, a princípio, duvidaram que o assassinato em massa tenha de fato acontecido. Além disso, não houve informações de um número grande de enterros na região da província de Salahuddin, onde as execuções teriam acontecido.
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Fonte: O Globo
domingo, 15 de junho de 2014
A VIDA COMO ELA É
SP: Amante mata segundo amante de mulher casada
O amante de uma mulher casada matou um segundo amante da mesma mulher na manhã do sábado (14) na Vila Maria, zona norte de São Paulo.
De acordo com a polícia, o casamento da mulher dura 25 anos, e ela traía seu marido há 16 anos com seu chefe. Porém, há um ano, ela começou a se relacionar com um terceiro homem.
O primeiro amante descobriu a traição e a seguiu em um encontro com o segundo amante. Ele estava em uma moto e, quando viu a mulher com o outro, começou a atirar.
Os disparos acertaram o homem no local; a mulher não se feriu. Depois do crime, o primeiro amante fugiu e não foi localizado pela polícia.
A mulher prestou depoimento acompanhada da filha, do cunhado e do marido, que sabia da traição com o chefe, mas não sabia do segundo amante.
O corpo foi velado e sepultado no Cemitério Vila Formosa.
A ocorrência é investigada pelo 19º Distrito Policial.
Fonte: Band.com.br, atualizado em domingo,15/06/2014, às 15,50 hs.
ENSINAR É APRENDER
O positivismo organicista encarregou-se de situar o pensamento como uma espécie de secreção cerebral, para a qual acorrem os médicos e fac-símiles, na ânsia de totalizar o organismo humano. Mas o pensamento não é totalizável, ele, o que circula em outros corpos além do humano, increvendo-se em linhas irredutíveis a formas estáveis ou árvores bem desenhadas. Aprendemos com Deleuze-Guattari que o pensamento “não é arborescente e o cérebro não é uma matéria enraizada nem ramificada (...) (...) muitas pessoas tem uma árvore plantada na cabeça, mas o próprio cérebro é muito mais uma erva do que uma árvore”. Sendo assim, o pensamento segue caminhos ou linhas indeterminados por um centro organizador que seria o eu, por exemplo. Ele vai além do que se compreende como pessoa individual. Um dueto interpessoal conta com multi-determinações do pensar que vêm de todos os lados para inscrições na superfície onde a fala se dá. O pensamento como “pensar” é o acontecimento. Antecedendo a linguagem, e mais, dando-lhe condições operacionais para existir e funcionar, o acontecimento inscreve-se nos corpos e ao mesmo tempo deles se destaca como a expressão. A fala do mestre e a fala do aluno são assim superfícies onde se fabrica o sentido.
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A.M.
Era o relógio de meu avô, e quando o ganhei de meu pai ele disse Estou lhe dando o mausoléu de toda a esperança e todo desejo; é extremamente provável que você o use para lograr o reducto absurdum de toda a experiência humana, que será tão pouco adaptado às suas necessidades individuais quanto foi às dele e às do pai dele. Dou-lhe este relógio não para que você se lembre do tempo, mas para que você possa esquecê-lo por um momento de vez em quando e não gaste todo seu fôlego tentando conquistá-lo. Porque jamais se ganha batalha alguma, ele disse. Nenhum batalha sequer é lutada. O campo revela ao homem apenas sua própria loucura e desespero, e a vitória é uma ilusão dos filósofos e néscios.
William Faulkner
Índios declaram guerra ao Governo brasileiro pela demarcação de terras
As imagens de índios disparando flechas contra policiais durante um protesto em Brasília, centro do poder do país, causou espanto há duas semanas. Os indígenas pretendiam discutir com o Governo os motivos da demora na demarcação de suas terras e, frustrados, abandonaram uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pintaram a bandeira brasileira de vermelho e declararam: “Estamos em guerra”.
“Por culpa dele [ministro da Justiça], muitos fazendeiros vão morrer”, afirmou um dos índios, segundo uma reportagem da Folha de S.Paulo.
A revolta surgiu, segundo eles, após a recusa de Cardozo em assinar 11 portarias de áreas que precisam seguir para a homologação da presidenta Dilma Rousseff (PT) para se tornarem oficialmente indígenas. A justificativa, segundo os índios, seria a tentativa de evitar o acirramento de um confronto entre eles e os fazendeiros, que já deixou muitas vítimas no interior do país.
“Diante de um Governo que tem medo de cumprir a lei, a gente decidiu que vai demarcar por conta própria as nossas terras”, conta Lindomar Terena, uma das 18 lideranças indígenas presentes na reunião.
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Fonte:El País
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