terça-feira, 3 de junho de 2025

TRAIR, TRAIR

A tarefa do Encontro passa a ser trair a semiologia instituída.  Isso abre  condições de possibilidade para avaliações não centradas no sistema mente/cérebro (conforme a psiquiatria biológica) ou na  consciência  do eu/objeto (cf  Jaspers). Os afetos  “normais” e  as  crenças  não delirantes misturam-se aos  signos patológicos compondo agenciamentos coletivos nem sempre reconhecíveis. Falar  em afetos é, pois, falar  da  intensidade das vivências. Eles  são  o corpo, não necessariamente o corpo-organismo, mas o corpo-desejo, o corpo sem órgãos. Quanto às crenças, estão inseridas na materialidade dos territórios existenciais. Remetem a um sistema de códigos, por  vezes, particular, como na esquizofrenia. A ligação de determinada vivência a uma síndrome, por mais exata que  seja, é  contextual. Daí, a análise da  vivência preceder  o diagnóstico. “O que você  sente”? Em que  você acredita?” são indagações  primárias. A consciência, o eu, a fala, a atenção, a percepção, a memória, a inteligência, enfim, todo o universo das representações mentais deriva  daí.


A. M.

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