TRAIR, TRAIR
A tarefa do Encontro passa a ser trair a semiologia instituída. Isso abre condições de possibilidade para avaliações não centradas no sistema mente/cérebro (conforme a psiquiatria biológica) ou na consciência do eu/objeto (cf Jaspers). Os afetos “normais” e as crenças não delirantes misturam-se aos signos patológicos compondo agenciamentos coletivos nem sempre reconhecíveis. Falar em afetos é, pois, falar da intensidade das vivências. Eles são o corpo, não necessariamente o corpo-organismo, mas o corpo-desejo, o corpo sem órgãos. Quanto às crenças, estão inseridas na materialidade dos territórios existenciais. Remetem a um sistema de códigos, por vezes, particular, como na esquizofrenia. A ligação de determinada vivência a uma síndrome, por mais exata que seja, é contextual. Daí, a análise da vivência preceder o diagnóstico. “O que você sente”? Em que você acredita?” são indagações primárias. A consciência, o eu, a fala, a atenção, a percepção, a memória, a inteligência, enfim, todo o universo das representações mentais deriva daí.
A. M.
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