segunda-feira, 29 de abril de 2024

La idea de placer es una idea completamente asquerosa -hay que ver los textos de Freud al nivel deseo-placer, donde nos dice que el deseo es ante todo una tensión desagradable. Hay uno o dos textos donde Freud dice que, despues de todo, hay tensiones agradables, pero no va muy lejos. A grosso modo, el deseo es vivido como una tensión completamente desagradable que, necesita... palabra horrible, horrorosa, para salir completamente, pues ese asunto es malo... es necesaria una descarga. Y esa descarga es el placer. La gente tendrá paz, y después, el deseo renace, y habría una nueva descarga. Los tipos de concepciones que, en términos eruditos, llamamos hedonistas, a saber la búsqueda del placer, y los tipos de concepciones místicas que maldicen el deseo, en virtud de que es, fundamentalmente, carencia, yo quisiera que ustedes sientan hasta donde, de todas maneras, ellos consideran el deseo como la única cosa que nos despierta, y que nos despierta de la manera más desagradable, es decir, sea poniéndonos en relación con una carencia fundamental que puede ser entonces apaciguada con una especie de actividad de descarga, y después tendríamos la paz, y después recomenzará... Cuando se introduce la noción de goce -vean como estoy intentando hacer un círculo, muy confuso, un círculo piadoso, un círculo religioso de la teoría del deseo-, vemos hasta que punto el psicoanálisis está impregnado de ella, hasta que punto la piedad psicoanalítica es inmensa. Ese círculo, uno de sus segmentos es el deseo-carencia, otro segmento es el placer-descarga, y, una vez más, eso está completamente ligado. Y me digo de golpe: ¿qué es lo que no va con Reich? Hay dos grandes errores en Reich: el primer error es el dualismo, entonces cambia de lado, es el dualismo entre dos economías, entre la economía política y la economía libidinal. Si se habla del dualismo entre dos economías, se podría siempre prometer hacer el empalme, el empalme nunca se hará. Y este error del dualismo repercute a otro nivel: el deseo está también pensado como falta y entonces el placer es pensado todavía como unidad de medida. Y Reich le ha dado a la palabra placer una palabra más fuerte y más violenta, lo llama orgasmo, y precisamente toda su concepción del orgasmo, que intentará volver contra Freud, consiste en plantear hasta el límite que el deseo como tal está ligado completamente a la carencia, que si no se llega a obtener la descarga que lo apacigua, va a producirse lo que Reich llama los estasis. El deseo está fundamentalmente relacionado con el orgasmo, y para que se relacione el deseo con el placer o con el orgasmo, es necesario que se lo relacione con la carencia. Es exactamente la misma cosa. Una de las proposiciones es la inversa de la otra.

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G. Deleuze, aula em 26/03/73. Vincennes

sábado, 27 de abril de 2024

 OS CÁLCULOS INCORRETOS

A diferença não é o diverso. O diverso é dado. Mas a diferença é aquilo pelo qual o dado é dado. É aquilo pelo qual o dado é dado como diverso. A diferença não é o fenómeno, mas o númeno mais próximo do fenómeno. É, portanto, verdade que Deus fez o mundo calculando, mas os seus cálculos nunca estão correctos; e é mesmo esta injustiça no resultado, esta irredutível desigualdade que forma a condição do mundo. O mundo «faz-se» enquanto Deus calcula; não haveria mundo se o cálculo fosse correto. O mundo é sempre assimilável a um "resto" e o real no mundo só pode ser pensado em termos de números fraccionários ou mesmo incomensuráveis. Todo o fenómeno remete para uma desigualdade que o condiciona. Toda a diversidade e toda a mudança remetem para uma diferença que é a sua razão suficiente. Tudo o que se passa e aparece é correlativo de ordens de diferenças: diferença de nível, de temperatura, de pressão, de tensão, de potencial, diferença de intensidade.

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Gilles Deleuze in Diferença e Repetição

sexta-feira, 19 de abril de 2024

NEUROTUDO

A neuromania é um dispositivo institucional típico do capitalismo mundial integrado ( CMI cf F. Guattari). Antes de ser uma técnica, trata-se de um modo de subjetivação que põe o cérebro como órgão responsável pelos destinos da humanidade. É uma armadilha e também uma neuropolítica, uma neuroestética, uma neuropolícia, uma neurofamília, uma neuromídia, etc. Assim vai o pensamento burguês rastreando e codificando tudo o que lhe foge ao controle. Não é um mal em si (até porque não existe mal-em-si) mas apenas um dispositivo do capital pronto para o abate das almas, criaturas solitárias que de algum modo lhe resistem ao assédio mortífero sob as garras do consumo. Portanto, o assunto neuromania compõe o cardápio das ações políticas do capitalismo no meio científico como sendo uma verdade inquestionável. A mídia, na condição de agente de imbecilização das massas, opera ( sem que se perceba percebendo ) sua função indispensável de tamponar o buraco negro da subjetividade dos dias que correm. Velozes e delirantes.


A.M.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Dia Mundial contra a Escravidão Infantil: são 9 milhôes as crianças escravas.

O dia 16 de abril é o ‘Dia Mundial contra a Escravidão Infantil’. A data foi escolhida por lembrar o assassínio do jovem paquistanês Iqbal Masih, de 12 anos, por ter-se rebelado à sua vida de escravo.


Hoje, no mundo,

158 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar, 73.000 em condições perigosas;

1 milhão de pequenos trabalham em minas ou canteiros de obras;

9 milhões são reduzidos a escravos. 


Os missionários salesianos se defrontam diariamente com essa dura realidade, e trabalham para que tais crianças e jovenzinhos tenham a oportunidade de estudar e educar-se para transformar sua vida.


Fonte: Misiones Salesianas

domingo, 14 de abril de 2024

Réflexions du jour

Lá fora passarão civilizações, escacharão revoltas, turbilhonarão festas, correrão mansos quotidianos povos.. E nós, ó meu amor irreal, teremos sempre o mesmo gesto inútil, a mesma existência falsa.

Fernando Pessoa

ROSAS ETERNAS

 


A EXPERIMENTAÇÃO NA CLÍNICA

A clínica da diferença em psicopatologia encontra o paciente como singularidade existencial. É uma condição humana composta por processos múltiplos. Um deles, o mais valorizado pela psiquiatria atual, é, óbvio, o processo físico-químico. Daí as intervenções somáticas, onde a farmacoterapia ocupa lugar de destaque. No entanto, outros processos de vida trabalham no paciente como produção subjetiva. O não expresso é uma produção. Tal produção pode se dar explícita no corpo, como por exemplo, nos casos graves de depressões e psicoses. Um campo de visibilidade social torna difícil ( às vezes impossível) o acesso ao universo do paciente. Isso não significa dizer que esse universo acabou, ou pior, não existe. São tais situações-limite que implicam numa experimentação terapêutica sem garantias prévias. O dispositivo chamado Acompanhante Terapêutico é um desses recursos que pode ser utilizado em situações de silêncio verbal e negativismo. Falamos de casos graves (felizmente raros) que requerem um estudo cuidadoso, tanto da semiologia do quadro quanto da história de vida (anamnese). Sabemos que a psiquiatria oficial não dispõe de métodos para chegar a esse tipo clínico, pelo que, em função da hegemonia médica vigente ( relação de poder) faz por descartar outras formas de intervenção terapêutica. Concluindo, o trabalho na clínica em psicopatologia é um trabalho coletivo ou não será mais que a reprodução tecnologicamente atualizada da psiquiatria do século XIX.

A.M.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

TERAPIAS DEPRESSIOGÊNICAS?

A depressão tende a fazer com que você enfoque a si mesmo. O mesmo auto-enfoque que fazemos na terapia é, em si, um movimento depressivo. A terapia pode estar, ao mesmo tempo, provocando a depressão enquanto tenta curá-la, porque seus sintomas clássicos são o ressentimento, o fechar-se em si mesmo, a repetição.


James Hillman in "Cem anos de psicoterapia ... e o mundo está cada vez pior"

Polícia invade casa: Vídeo mostra policiais arrombando portão de residên...

terça-feira, 9 de abril de 2024

MALDIÇÃO  DO  CRISTIANISMO

O cristianismo será realmente o Anticristo: ele violenta Cristo, proporciona-lhe à força uma alma coletiva; em contrapartida, propicia à alma coletiva uma figura individual de superfície, o cordeirinho.


Gilles Deleuze in Crítica e Clínica

sábado, 6 de abril de 2024

O QUE É DEVIR?

Fascinante, embora difícil, o conceito de “devir” desenvolvido por Deleuze & Guattari é um daqueles que sempre escapam quando acreditamos que o compreendemos. Muitos conceitos permanecem sem força, ou assim parecem, por falta de uma travessia lógica eficaz sempre adiada para amanhã: são relegados a truísmos, em função de afinidades previstas ou reconhecidas. Gostaríamos de ser capazes de expor o que Deleuze & Guattari pensavam sob o nome de devir: o que se segue é apenas um esboço provisório disso.

Acontece que o devir se reduz a uma palavra de ordem vulgar e paradoxalmente estática: ver todas as coisas em devir, viver a si mesmo em devir… O pensamento se congela nesse enunciado supostamente capaz de lhe trazer o movimento, e o que pensávamos ser o seu ponto culminante parece muito mais com um adormecimento: uma estagnação, um êxtase, um único indiferenciado, uniforme e sem promessas (“gelatina”, teria dito Anton Chekhov). Apesar de muitas advertências e de sua relutância em falar sobre o devir em geral, Deleuze & Guattari não conseguiram evitar que falsos amigos e detratores se unissem para afogar o conceito em mal-entendidos: fusão mística, antropomorfismo…

“Devir” é certamente e em primeiro lugar mudar: não mais se comportar ou sentir as coisas da mesma maneira; não mais fazer as mesmas avaliações. Sem dúvida, não mudamos a nossa identidade: a memória permanece, carregada de tudo o que vivemos; o corpo envelhece sem metamorfose. Mas “devir” significa que os dados mais familiares da vida mudaram de sentido, ou que nós não entretemos mais as mesmas relações com os elementos costumeiros de nossa existência: o todo é repetido de outro modo.

Para isso é preciso a intrusão de algo de fora: alguém ou alguma coisa entrou em contato com algo ou alguém diferente de si mesmo, algo aconteceu. “Devir” implica, portanto, em segundo lugar, um encontro: algo ou alguém não se torna si mesmo a não ser em relação com outra coisa. A ideia de encontro, porém, é equívoca e depende do estatuto que concedemos a esse mundo exterior sem o qual alguém ou algo não sairia de si. Para a pergunta “o que encontramos?”, Deleuze & Guattari dão uma resposta paradoxal (não pessoas), e de aparência ingênua ou arbitrária (sobretudo animais ou paisagens, pedaços de natureza). Quanto ao amor, ele se endereçaria menos a uma pessoa do que à animação não-pessoal que lhe confere o seu “charme”, e que envolve algo mais do que ela (uma paisagem, uma atmosfera…)[i].

“Fora” é entendido aqui num sentido absoluto: não se trata do que nos é exterior. A questão obviamente não é amar animais em vez de humanos (misantropia, zoofilia); e uma viagem, uma recepção, uma visita ao zoológico não são suficientes para proporcionar encontros – a menos que a exterioridade relativa (material) dos seres se reduplique em uma exterioridade mais radical, afetiva e espiritual. Podemos “nos entender” com as pessoas, com base em afinidades comuns reconhecidas que facilitam a conversação; mas outra coisa é o contato, por meio das pessoas, com “signos” que nos obrigam a nos sentir de forma diferente, a entrar num mundo de avaliações desconhecidas, nos jogando para fora de nós mesmos. O amor, segundo Deleuze, é deste tipo: uma mistura de alegria e de medo[ii].

(...)

Por François Zourabichvili
Tradução: Diogo Corrêa Silva

27/03/1997

Retratos de Identificação (2014) - FILME COMPLETO

sexta-feira, 5 de abril de 2024

ela tem os olhos azuis

mais verdes que vi

a poesia arrebenta

em suas praias de carne


a.m.