A EXPERIMENTAÇÃO NA CLÍNICA
A clínica da diferença em psicopatologia encontra o paciente como singularidade existencial. É uma condição humana composta por processos múltiplos. Um deles, o mais valorizado pela psiquiatria atual, é, óbvio, o processo físico-químico. Daí as intervenções somáticas, onde a farmacoterapia ocupa lugar de destaque. No entanto, outros processos de vida trabalham no paciente como produção subjetiva. O não expresso é uma produção. Tal produção pode se dar explícita no corpo, como por exemplo, nos casos graves de depressões e psicoses. Um campo de visibilidade social torna difícil ( às vezes impossível) o acesso ao universo do paciente. Isso não significa dizer que esse universo acabou, ou pior, não existe. São tais situações-limite que implicam numa experimentação terapêutica sem garantias prévias. O dispositivo chamado Acompanhante Terapêutico é um desses recursos que pode ser utilizado em situações de silêncio verbal e negativismo. Falamos de casos graves (felizmente raros) que requerem um estudo cuidadoso, tanto da semiologia do quadro quanto da história de vida (anamnese). Sabemos que a psiquiatria oficial não dispõe de métodos para chegar a esse tipo clínico, pelo que, em função da hegemonia médica vigente ( relação de poder) faz por descartar outras formas de intervenção terapêutica. Concluindo, o trabalho na clínica em psicopatologia é um trabalho coletivo ou não será mais que a reprodução tecnologicamente atualizada da psiquiatria do século XIX.
A.M.
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