É incontestável o apreço de Gilles Deleuze por certas experimentações literárias. Hervé Micolet (2007), na introdução ao compêndio Deleuze et les écrivains: littérature et philosophie, corroborando essa impressão, insiste em afirmar que a relação do autor de Diferença e Repetição com o campo literário é algo visceral e, buscando ilustrar essa inferência, brinda-nos com um extenso inventário dos literatos citados pelo filósofo, ao longo de seu corpus teórico. Desde o primeiro escrito deleuziano, A ilha deserta (DELEUZE, 2006a), até o derradeiro, intitulado Imanência: uma vida... (DELEUZE, 2016), deparamos com remissões diversas a literatos e seus personagens. Ali, uma breve menção ao nome de Robinson Crusoé, personagem de Daniel Defoe, o romance que “[...] representa a melhor ilustração da tese que afirma o liame entre o capitalismo e o protestantismo” (DELEUZE, 2006a, p. 21); já em Imanência: uma vida... (DELEUZE, 2016), uma remissão a certo personagem de Charles Dickens, autor que “[...] contou o que é uma vida, ao considerar o artigo indefinido como indício do transcendental.” (DELEUZE, 2016, p. 409).
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Christian Fernando Ribeiro Guimarães Vinci in "Deleuze e a escrita: entre a filosofia e e a literatura", 2022
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