Este blog busca problematizar a Realidade mediante a expressão de linhas múltiplas e signos dispersos.
domingo, 27 de julho de 2025
sexta-feira, 25 de julho de 2025
O EXTERMÍNIO DA ALMA - I
Fenômeno modelar das sociedades industriais modernas (plugadas na ideia de progresso ), ele opera nas dobras invisíveis da alma, expondo-a à venda. Tal é o reino da mercadoria. A instituição -ciência comparece com o selo de garantia da verdade. Um culto à morte se instala naturalmente. Verifique as guerras.
A.M.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
domingo, 20 de julho de 2025
sábado, 19 de julho de 2025
terça-feira, 15 de julho de 2025
BERGSON - PERCEPÇÃO DO PRESENTE
"Iremos fingir por um instante que não conhecemos nada das teorias da matéria e das teorias do espírito, nada das discussões sobre a realidade ou a idealidade do mundo exterior. Eis-me portanto em presença de imagens, no sentido mais vago em que se possa tomar essa palavra, imagens percebidas quando abro meus sentidos, desapercebidas quando os fecho”
– Bergson, Matéria e Memória
Estamos no mundo, estamos vivos, acordamos de manhã e imagens nos chegam: percebemos. O universo nos chega através de imagens, sensações, penetrações sensíveis que nos invadem. Nossos poros estão abertos. O mundo é um conjunto de imagens, luminosas, sonoras, táteis. Com Bergson, podemos dizer: tudo são imagens. Não no sentido da caverna, olhando reflexos na parede. Já nos afastamos daquele buraco escuro, existe luz, imagens, até mesmo em excesso!
A imagem e o movimento infinito são o Plano de Imanência bergsoniano. Estamos no meio do mundo, tudo são imagens! Elas nos cortam, elas nos penetram. Saímos ao sol e o vemos brilhar, fechamos os olhos e sentimos seus raios em nossa pele. A voz chega ao nosso ouvido como uma melodia que brota da harmonia de fundo da cidade. Há uma multiplicidade de imagens que seguem em todas as direções, se cruzam, e chegam até nossos órgãos dos sentidos. Fluxos nos atravessam. A antena de celular emite sinais, mas podemos ir mais longe, a imagem da comida é mastigada e deglutida, a pomada é espalhada na superfície da pele e absorvida.
E tudo isso excessivo! Até demais! Há muita luz, estamos ofuscados. Há todo um universo de imagens que se cruzam e interpenetram. Nessa massa gigantesca de imagens, enquanto algo é recortado, absorvido, outras nos escapam e são deixadas de lado. Não queremos toda a luz que recebemos, não precisamos de tudo isso. O corpo recorta as imagens do exterior, captando, pegando, segurando, apenas aquilo que lhe interessa. De tudo que nos chega, apenas uma parte fica. Tudo é muito, queremos apenas uma parte. A percepção é menos que o conjunto geral de luzes que nos chegam, uma parte recortada do todo. Retiramos algo do mar de luz, escurecemos umas partes, para defini-las e utilizá-las e jogamos fora o resto.
Podemos definir a percepção com todas as letras: um conjunto selecionado de imagens recortadas pelo corpo. A percepção é menos que a quantidade de imagens que recebemos (isso é bom e ruim). Os olhos captam apenas uma parte do espectro eletromagnético, a cóclea capta apenas uma faixa de vibrações sonoras medidas em Hertz. O paladar, o olfato, os receptores sensoriais de calor da pele, é tudo o mesmo princípio. Deixamos passar um monte de coisas, o corpo não consegue absorver tudo, ele é limitado. Mas retemos o que nos interessa, algo passa, mas algo se reflete e retorna para o mundo. Somos como que espelhos furados, retorcidos, singulares.
(...)
Do site Razão Inadequada, acessado em 15/07/2025
segunda-feira, 14 de julho de 2025
sábado, 12 de julho de 2025
O QUE É POESIA?
A poesia não é uma fuga do real em direção a um mundo imaginário. Ou, pelo menos, não é desse modo que a concebemos. Qual seria?
A poesia é uma experiência de mundo, experiência de perdição, escape das linhas da razão, da consciência e do eu vaidoso.
Chamamos isso de poética do Encontro.
Encontro com o outro, a outra, a natureza, os fluxos da energia (visível e invisível), enfim, o cosmos que nos cerca, nos envolve, nos atravessa sem cessar.
Qualquer atividade humana pode receber um trato de poesia. Mesmo o horror da civilização que o homem implantou na Terra é poetizável.
Olhe em volta: das guerras infindas, da fome de milhões, dos humilhados e ofendidos, dos povos eternamente oprimidos, das raças exploradas, das crianças assassinadas, dos genocídios esquecidos e atuais, até um amor simples como o meu por você,
A poesia se expressa e se afirma num piscar de olhos e nesse texto à distância.
A.M.
sexta-feira, 11 de julho de 2025
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Manuel Bandeira
quinta-feira, 10 de julho de 2025
quarta-feira, 9 de julho de 2025
POÉTICA DO ENCONTRO
Na clínica do Encontro, a sintaxe poética pode ser utilizada como expressão do paciente e escuta/ intervenção do terapeuta. Sim, a matéria do processo dito terapêutico é o desejo em suas multiplicidades singulares. Contudo, linhas de destruição aprontam e apontam suas armas na cena da transferência. E não concebemos a transferência no sentido freudiano, mas como conceito ampliado. Ele acessa estratos subjetivos que o mundo fincou qual estaca no coração dos afetos: instituições. Diante dessa ação anti-alegria, terrorismo afetivo, empreendimento da morte, a tarefa essencial da clínica da diferença passa a ser criar, inventar, fazer surgir, arriscar, virar o jogo em prol de um contrajogo leve e dançante. Inglório o desafio, pois forças conservadoras operam maciçamente. O fim é acusar, julgar e condenar a vida do jeito que fazem com uma criança. Então é preciso resgatar a poesia , mesmo sem sermos poetas e sem que o paciente o seja. Não importa. A poesia não vive apenas de versos, ainda que belos. O que expressa é o inexpresso, o não-dito, o sem-palavras, o non sense, o paradoxo, o disparate, desejo que surge sem nome, inominável. Próximo a esse movimento vital, acha-se o que alguns mestres orientais chamam de caminho da libertação.
A.M.
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