terça-feira, 23 de dezembro de 2014

PENSAR É UM EXERCÍCIO PERIGOSO

A psiquiatria oficial ( a que é referendada pelo Estado, Faculdades de Medicina, Conselhos de Medicina, Associações de classe, etc) necessita fabricar diagnósticos psiquiátricos, independendo de que tenham base clínica ou não.O que importa a esses poderes, acoplados ao funcionamento planetário do capital (um axioma: vender, vender) é que esses diagnósticos sejam creditados e acreditados pelos consumidores, os doentes, ou melhor, os clientes. "Eu sou bipolar". Deste modo, a psicopatologia clínica se alastra num emaranhado de sintomas outrora bem demarcados entre si,( como é o caso da depressão e o da angústia, esta, aliás, já com o termo em desuso, embora o afeto exista mais que nunca). Tal pletora de sintomas é o produto da diluição dos limites entre as "velhas"categorias diagnósticas (como era o caso da divisão psicose/neurose). Não havendo mais fronteiras clínicas, entramos no campo do pensamento único e da clínica mais estulta. O pensamento clínico dos transtornos mentais tende hoje rapidamente para a percepção tosca de um comportamento socialmente inaceito (proscrito). Assim, mais que nos tempos foucaultianos, a psiquiatria tornou-se uma peça tecnológica da Sociedade de Controle, onde todos são controlados e todos controlam todos sob a égide científica do Império na acepção que lhe deu Antonio Negri e Michael Hardt. Supondo-se estarmos num congresso de psiquiatria, erguer tais hipóteses equivaleria o encaminhamento do autor ao hospício mais próximo, ao seu assassinato simbólico (desprezo intelectual) ou, por fim, ao estabelecimento de um novo diagnóstico que contemple signos emitidos fora da Ordem Médica e que com ela componha um Ogro invisível.

A.M.

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