domingo, 4 de janeiro de 2015

MIL ENCONTROS

Mil platôs, esse livro plural, não é um tratado de metafísica ou um simples ensaio de história das idéias. É, antes, um livro de magia, uma alquimia preciosa em que cada fórmula traça a cifra de uma metamorfose. O que se trata de modificar sob a ação dessa metamorfose é a própria idéia de conceito, que nada tem em comum com a lógica de sua compreensão, tampouco com a de sua extensão. Nem interpretação nem explicação, o conceito só existe por variação, quer dizer, no fim das contas,por criação contínua.Mas não basta definir a filosofia pela criação de conceito se, nessa mesma circunstância, nos eximimos de fazê-lo. Descrever conceitos não é produzi-los. Desse modo, esse livro de platôs superpostos fará com que penetremos no antro da feiticeira, no lugar onde Deleuze não se transforma em gato sem que Guattari se torne um rato, onde o rato se torna subitamente um tigre, o tigre vira pulga assim que o gato se metamorfoseia em micróbio. Fazer conceitos é questão de devir, um devir que, arrastando esta ou aquela determinação conceitual no declive de sua variação,produzirá mutações na vertente da estética, da política, da ciência, cujos mapas e transformações é impossível separar.
(...)
Jean-Cleat Martin in Prefácio para Mil platôs de G.Deleuze e F.Guattari, vol. 3

Nenhum comentário:

Postar um comentário