Este blog busca problematizar a Realidade mediante a expressão de linhas múltiplas e signos dispersos.
terça-feira, 31 de março de 2020
domingo, 29 de março de 2020
COVID E SAÚDE MENTAL - I
A chegada do Covid trouxe mil questões para a saúde mental. São questões práticas, vivenciais, concretas, na medida em que o vírus bate à porta. Não é preciso citar estatísticas mortuárias com que a mídia espalha a informação/comunicação sobre o bicho-coroa. A nossa intenção é simples e direta: traçar linhas afetivas para um pensamento que resista não só ao vírus mas à mentira, a infâmia e aos poderes dos tempos que correm. Pensamento que não é algo abstrato, mas o próprio corpo. E que resiste à morte disfarçada de vida (vide famélicos aos milhões) no mundo em que vivemos, não só no Brasil. Nesse momento, o Covid é o inimigo público número um, signo de um Horror invisível. Temos que nos proteger. No entanto, a obviedade do enunciado esconde questões da saúde mental que sobem à flor da pele, à flor de um tempo sem alma. O Covid não tem alma. Em saúde mental a ausência de alma (não a dos religiosos, mas a alma das coisas, a vida, enfim) fez e faz da psiquiatria o modelo único (bioquímico) dos objetos (pacientes) expostos como coisas e casos. Quanto vale um paciente? Tal modelo autocentrado (narcísico) tem a capacidade de proliferar e contagiar corpos, tornando-os serviçais da razão manicomial, ainda que soltos. O Covid trouxe uma dor nova para velhos problemas.
A.M.
sábado, 28 de março de 2020
sexta-feira, 27 de março de 2020
Nem tudo que tentei perdi. Restou
a intenção de ser alguém ou algo
que não se pode ser, mas só ter sido;
restou a tentação do nada, nunca
tão forte que vencesse esse meu medo
que é a coisa mais honesta que há em mim.
Sobrou também o hábito vadio
de me virar do avesso e esmiuçar
as emoções como quem espreme espinhas.
Mas nada disso dói; a dor é um ácido
que ao mesmo tempo que corrói consola,
é uma coceira que vem lá de dentro
e me destrói sem dignidade alguma.
Paulo Henriques Britto
quinta-feira, 26 de março de 2020
CLOROQUINA, A SAÍDA?
Um dos casos confirmados de coronavírus na capital paulista, o cardiologista Felipe Santos, 31, está em casa há uma semana, mas passou seis dias internado —dois deles na UTI— com quadro grave de falta de ar, tosse, dor no corpo e febre. Ele relatou ao UOL melhoria nos sintomas após os médicos, atendendo a um pedido seu, começarem a ministrar cloroquina combinada com azitromicina (antibiótico).
O uso da cloroquina —empregado no combate ao lúpus e artrite reumatoide— no tratamento contra o coronavírus vem sendo amplamente discutido em todo o mundo. Ministério da Saúde anunciou que vai liberar a partir de amanhã 3,4 milhões de unidades do medicamento para serem usados em pacientes graves do novo coronavírus. Testes clínicos serão feitos no Brasil com cerca de mil pacientes.
(..)Maria Luisa de Melo, UOL Rio, 26/03/2020, 19:39 hs
domingo, 22 de março de 2020
UM ENCONTRO
Após a defesa Deleuze teve de se submeter a uma operação muito delicada, uma toracoplastia. A partir de então, ele possui um único pulmão, o que o condena a perfusões constantes e uma insuficiência respiratória até o fim de seus dias […] É no vazio desse momento de debilitação vital e de afastamento obrigatório que Deleuze encontra Guattari. Sem Maio de 1968, esse encontro não poderia ter ocorrido. O acontecimento de 1968 operou neles algo como uma ‘ruptura instauradora’ […] O Anti-Édipo, se enraíza no movimento de maio: ela tem a marca da efervescência intelectual do período. Comentando a publicação dessa primeira obra comum, Guattari confirma tal ancoragem: ‘maio de 68 foi um abalo para Gilles e para mim, como para tantos outros: não nos conhecíamos, mas esse livro, atualmente, é uma continuação do movimento”
– François Dosse, Deleuze & Guattari, Biografia Cruzada, p. 153
QUERO
Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
dementes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 21 de março de 2020
sexta-feira, 20 de março de 2020
RECESSÃO?
BRASÍLIA — O governo reduziu para zero (0,02%) a projeção de crescimento da economia brasileira neste ano, por conta dos efeitos da pandemia de coronavírus na atividade econômica.
A revisão, divulgada nesta sexta-feira pelo Ministério da Economia, ocorre pouco mais de uma semana depois da pasta ter anunciado uma piora na projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 2,4 para 2,1%. Naquele momento, os números do governo já estavam defasados em relação ao dados do mercado.
(...)
Manoel Ventura e Marcelo Corrêa, O Globo, 20/03/2020, 17:29 hs
DE QUALQUER LUGAR
BRASÍLIA — O governo declarou estado de transmissão comunitária do novo coronavírus em todo o território nacional. A portaria, assinada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi publicada nesta sexta-feira em edição extra do Diário Oficial da União. A transmissão comunitária ocorre quando não é mais possível saber a origem da infecção.
(...)
Renata Mariz, André de Souza e Daniel Gullino, O Globo, 20/03/2020, 19:35 hs
MANDETTA CONTRATA EMPRESA LIGADA À SUA CAMPANHA
O Ministério da Saúde contratou, usando dispensa de licitação para o combate ao coronavírus, uma empresa ligada ao financiamento de campanhas eleitorais do ministro Luiz Henrique Mandetta.
A informação foi divulgada ontem pelo jornalista Breno Costa, do informativo Brasil Real Oficial, e confirmada pelo UOL.
A pasta comprou, em regime emergencial, aventais hospitalares para o Sistema Único de Saúde (SUS) da empresa Prosanis Indústria e Comércio por R$ 700 mil.
A empresa é de Aurélio Nogueira Costa, dono também da Cirumed Comércio Ltda. A Cirumed foi uma das maiores doadoras de campanha de Mandetta para deputado pelo Mato Grosso do Sul.
(...)
Constança Rezende, UOL, 19/03/2020,17:13 hs
quarta-feira, 18 de março de 2020
TRANSTORNO DO PÂNICO
O pânico é um afeto negativo. Desorganiza as estruturas do eu, produz uma vivência de morte iminente, instala a dissolução dos códigos institucionais e induz o sujeito a um pré-aniquilamento do sentido. Segundo a CID-10 podemos diagnosticá-lo como transtorno do pânico. Eu sofro do transtorno do pânico, eu sinto pânico nas veias, eu sou o próprio pânico, me identifico com ele quando contemplo fotos de políticos em Brasília atuando no Congresso Nacional, militantes do PT reverenciando a volta do messias Lula, bolsonaristas pedindo agressivamente a volta dos militares, pastores em igrejas de luxo imbecilizando multidões aflitas, psiquiatras neurobiológicos intoxicando corpos e mentes com doses cavalares de psicofármacos, telespectadores consumindo o noticiário dia e noite de impossíveis verdades coloridas, paranoicos à solta buscando o abate de movimentos de vida ao estilo do "atire em tudo que se mexer", professores universitários arrotando o conhecimento como algo que ultrapassa o viver e o mundo real, mulheres apregoando o feminismo e sendo mais fascistas que os defensores do machismo, velhos comunistas ainda crentes na Revolução e pregadores de um messianismo entediante, médicos com visão tosca da alma humana e locupletados em esquemas que ganham dinheiro com a dor e o sofrimento não causados por organismos físico-químicos, mas por males sociais, seguidores fanáticos de religiões encharcadas de moral, intolerância, turbinas da fé e assassinos da diferença. Eu sinto pânico, sim, quando um imenso vazio político se assenhora do nosso país e nos faz aproximar velozmente das soluções ilusórias e fomentadoras de outras ilusões e outras e mais outras. Sinto pânico de ser brasileiro e de não ser mais que um brasileiro só.
A.M
Depois da chuva, o silêncio tornou-se mais espesso no quarto, cheio apenas do mudo tumulto de uma guerra invisível. Crispado pela insônia, o médico imaginava ouvir nos limites do silêncio o silvo doce e regular que o acompanhara durante toda a epidemia.
O livro fala da cidade de Orã, cidade do litoral da Argélia, que vive um surto de peste bubônica em pleno século XX. A história é centrada no médico Bernard Rieux, e em sua rotina que varia entre visitas a doentes, atendimento no hospital e as relações com sua mulher doente e sua mãe idosa. Mas algo estranho começa a acontecer: ratos aparecem mortos em todos os cantos da cidade. Contudo, esse fato passa despercebido pelos cidadãos.
Um dia Rieux é chamado as pressas à casa de um homem que sofre com uma terrível febre, com inchaço nos gânglios e manchas vermelhas por todo o corpo. A possibilidade da doença desse homem ser peste era nula, mas o desenrolar dos fatos, das mortes dos ratos e do aumento dos casos de febre levanta essa opção e Rieux é chamado pelas autoridades para participar do comitê que decidirá quais medidas deverão ser tomadas. Logo fica confirmado que a famosa peste bubônica, que assolou a Europa na idade média matando um terço da população, estava de volta.
Dir-se-ia que a própria terra onde estavam plantadas nossas casas se purgava de seus tumores, pois deixava subir à superfície furúnculos que, até então, a minavam interiormente.
As primeiras medidas foram o fechamento da cidade e do porto, e tudo muda. Os cidadãos assolados por uma doença altamente agressiva e transmissível ainda precisam conviver com o isolamento do mundo, alguns conseguem, outros não. As medidas sanitárias se tornam supérfluas diante do aumento expressivo no número de mortos. Todos estão na mira da peste e a escassez do álcool torna tudo mais difícil. Depois de tantos flagelos, um novo soro e o clima frio do inverno trazem algum alento a Rieux e sua equipe. Finalmente a peste recua. A história terminaria aqui e assim, se o livro não fosse escrito por Camus.
Sobre "A Peste", de A. Camus, 1947
segunda-feira, 16 de março de 2020
NO OLHO DO FURACÃO
O Ministério da Saúde atualizou para 234 o número de pessoas contaminadas no Brasil pelo coronavírus (Covid-19), em balanço divulgado na tarde desta segunda-feira. O Brasil ainda tem outros 2.064 casos suspeitos aguardando resultado de exames. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu informe diário, reforçou a necessidade de isolamento urgente para evitar a propagação do Sars-Cov-2. Embora os idosos sejam aparentemente os mais vulneráveis, há registros de mortes por Covid-19 entre jovens e crianças, informou a OMS. “A maneira mais eficaz é quebrar a cadeia de contágios. Não podemos ficar cegos. Não podemos combater esta pandemia se não soubermos quem está infectado", afirmou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Medidas de bloqueio já estão sendo tomadas por diversos países, como a Espanha, que anunciou que vai fechar as fronteiras temporariamente. Nos Estados Unidos, Nova York e Los Angeles, as duas maiores cidades do país, anunciaram o fechamento de escolas e bares. O presidente Jair Bolsonaro minimizou o fato de ter aparecido em manifestação a favor de seu Governo em Brasília, apesar de o Ministério da Saúde ter orientado a população a evitar aglomerações. “Se o povo aparecer aqui na frente, eu vou lá pra frente de novo”, afirmou a rádio. Em mais um dia forte nervosismo no mercado, a Bolsa de Valores brasileira abriu em forte queda e teve que suspender as operações quando o Ibovespa, principal índice, tombou 12,53%.
(...)
El País, São Paulo, Brasília,Madri, 16/03/2020, 19:38 hs
sábado, 14 de março de 2020
CLÍNICA E TECNOLOGIA DA IMAGEM - II
Continuando a discutir sobre a "tecnologia da imagem" e seus atravessamentos corporais, chegamos à análise da demanda em saúde mental. O corpo (não o corpo-organismo, mas o corpo-desejo) é atingido em cheio por imagens-de-imagens, fazendo da experiência de si uma experiência plugada aos fluxos semióticos vindos "de fora"mas parecendo vir "de dentro". É que a forma das instituições sociais (cf Guattari e outros demonstraram) está interiorizada, subjetivizada num inconsciente que não mais passa por categorias edipianas. A tecnologia da imagem não é, pois, um mal em si, mas território de sentido de uma verdade subjetiva veiculada por equipamentos de poder. Daí o homem moderno encarnar um tipo de sonambulismo coletivo que a todos arrasta. A incrível aceleração da velocidade do tempo aniquila o Sentido. Efeitos práticos: na clínica, a psicose. Na política, o fascismo.
A.M.
Unicef: 3 bilhões de pessoas não podem lavar as mãos
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou em 3 bilhões de pessoas, 40% da população mundial, não têm condições sanitárias para lavar as mãos com água e sabão em casa e, portanto, têm mais dificuldade em combater o coronavírus por meio dessa medida chave para prevenção. De acordo com o órgão da ONU, a maioria das pessoas que vivem em países menos desenvolvidos não têm saneamento básico.
Marina Novaes, El País, 14/03/2020, 08:48 hs
ADMIRADORES
Um ano após o ataque que matou dez pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, o túmulo de um dos jovens responsáveis pelo massacre volta e meia recebe admiradores que até velas acendem em sua homenagem.
(...)
Andre Vargas, de Suzano para a BBC News Brasil,13/03/2020 16h37
sexta-feira, 13 de março de 2020
CHEGANDO
Desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil, que teve seu primeiro caso divulgado na última semana de fevereiro, os últimos dias registraram o maior avanço da doença em território nacional. O número de infectados mais do que triplicou em três dias: segundo dados do Ministério da Saúde, os 25 confirmados na segunda-feira (9) saltaram para 77 na tarde desta quinta (12). Ao passo que o vírus se instala no Brasil, outros países com milhares de doentes se viram obrigados a tomar medidas extremas, como a suspensão de diversos torneios esportivos, o cancelamento de voos dos Estados Unidos para a Europa e o isolamento da Itália, onde as ruas e os supermercados ficam cada vez mais vazios. O Brasil ainda não está na mesma situação de desespero, mas já convive com o cancelamento de eventos que trariam uma aglomeração de pessoas e com a incerteza do setor de serviços acerca da propagação da doença.
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Diago Magri e Afonso Benites, El País, São Paulo/Brasília, 12/03/2020, 21:09 hs
domingo, 8 de março de 2020
SEM IDENTIDADE
O olhar da diferença é um olhar cego. Ele não enxerga, apenas vê. Percebe impressões vagas e exatas. Trabalha nos detalhes ínfimos das coisas. Funciona como quando se diz que "o amor é cego". Não que a diferença seja o amor, até porque este não existe como coisa, substância, essência, objeto sólido, mas como amar, acontecimento. Mais ainda, amar o acontecimento como o que não retorna jamais, e que sempre virá com a manhã da noite mais profunda e leve.No exercício dos seus paradoxos, nas cambalhotas do pensamento da alegria, o olhar da diferença é mais que um olhar, muito mais que a própria perspicácia desse olhar. É que ela se orienta por sensações. Questão ético-estética: a potência, enfim. É uma prática de vida, um estremecimento, um frêmito, um grito silencioso, um instante lunático aterrissado nas horas em que Virgínia Woolf captou com todas as suas forças, com todo o esplendor da poesia que viveu.
A.M.
VIAGENS DE MIGUEL
A.M.
Há o Encontro com uma criança. Como dizê-lo? Miguel é o nome que circula livremente nas colinas verdes de um pensar dançante. E que brilha como diamante ou como gotículas de sabão. Nada abstrato, já que ele está bem à minha frente (nesse momento) e diz: "pai, o que é a diferença?" Lhe digo que não sei, bem, quer dizer, não sei lhe responder, já que a diferença rigorosamente não é, ela está, ela vai, ela corre, flui pelo mundo se fazendo e a se fazer. A diferença é o devir. Ela é processo sem volta. Não é uma questão de "saber", mas de "sentir". A diferença, Miguel, é o afeto, o desejo em suas mil multiplicidades. Ele não entende bem o que digo e volta a indagar: "mas onde ela anda?"A resposta vem imediata: a diferença está em você, a diferença é você, correndo e escorrendo pelos campos floridos e porões do mundo. Sossegue: por onde você andar os fluxos da diferença extrairão da sua beleza o sentido de viver. E, se estou certo, cultivarão a alegria, apesar das brutalidades em volta. Tudo porque você é o amar como acontecimento, o sem retorno, o sem explicação, o sem razão, o sentido, a poesia.
A.M.
TRISTEZA
O cantor e compositor Ney Matogrosso diz que se sentiu "triste" ao assistir a posse de Regina Duarte como secretária especial da Cultura, na semana passada.
Para ele, a atriz ex-global foi ingênua ao aceitar o cargo e não conseguirá fazer nada de relevante nele.
(...)
Ricardo Feltrin, UOL, 08/03/2020, 00:18 hs
sábado, 7 de março de 2020
sexta-feira, 6 de março de 2020
O VÍRUS E A ECONOMIA
As bolsas das três principais economias latinoamericanas, Brasil, México e Argentina, abriram em queda nesta sexta, lastradas pelos temores inerentes à epidemia de coronavírus, ol Covid-19. O Brasil puxa as perdas, com a confirmação de 13 casos de coronavírus no Brasil num período de dez dias. A notícia derrubou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que segue derretendo junto com os mercados de toda a América Latina. O pregão abriu nesta sexta-feira sob a queda de 4,65% do fechamento desta quinta, quando o Ministério da Saúde confirmou que dois novos casos de coronavírus em São Paulo foram transmitidos localmente. Ao meio-dia, a queda na Bolsa chegava aos 4,87%, com a Petrobras derretendo 7%. Mas não foi só o mercado financeiro que sentiu o impacto do coronavírus. Na manhã desta sexta, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) admitiu o risco de paralisar a produção de veículos neste mês por problemas no abastecimento de autopeças que vêm da China, maior fornecedor do setor. A indústria brasileira de carros depende diretamente de empresas de Wuhan, local de origem do vírus.
(...)
Carla Jimenez,Luis Pablo Beauregard,Frederico Rivas Molina, El País,06/03/2020, 16:01 hs
terça-feira, 3 de março de 2020
SAIR DO EU
Éticas costumam partir do eu. São mesquinhas. A psiquiatria parte do eu. Seria melhor se ela, ao contrário, partisse o eu em mil conexões, subjetividades. Você acredita? Os pacientes não acreditam, mas creditam à psiquiatria um ganho sobre si mesma, uma empresa, um empreendimento, um narcisismo oco. Procuram um psiquiatra remedeiro que resolva. O molde está pronto para quem quiser. Ser-médico? Ser-paciente? Ou o inverso. O mundo roda. A ética desceu das alturas para o àspero contato terrestre. Nada pronto. Qual a ética da psiquiatria? A regra acadêmica, recheada de boas intenções, diz: vocês têm que ser felizes, principalmente às custas do remédio químico, pois, afinal, a mente é pura bioquímica, ninguém duvida. Contudo, não há diálogo frente às destruições concertadas da subjetividade. Esta é uma fala de loucos forclusivos ou apenas delirantes. O universo psi serve tão somente para barrar e borrar o desejo em suas expressões finas, imperceptíveis. Pouco mais a dizer aqui senão produzir linhas de fuga. A psiquiatria é o delírio crônico entronizado como verdade. “Eus”à postos, salvaguardas da razão, argumentos indefensáveis a favor do Mesmo. No entanto, alguma coisa vaza.
A.M. in Trair a psiquiatria
domingo, 1 de março de 2020
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