Depois da chuva, o silêncio tornou-se mais espesso no quarto, cheio apenas do mudo tumulto de uma guerra invisível. Crispado pela insônia, o médico imaginava ouvir nos limites do silêncio o silvo doce e regular que o acompanhara durante toda a epidemia.
O livro fala da cidade de Orã, cidade do litoral da Argélia, que vive um surto de peste bubônica em pleno século XX. A história é centrada no médico Bernard Rieux, e em sua rotina que varia entre visitas a doentes, atendimento no hospital e as relações com sua mulher doente e sua mãe idosa. Mas algo estranho começa a acontecer: ratos aparecem mortos em todos os cantos da cidade. Contudo, esse fato passa despercebido pelos cidadãos.
Um dia Rieux é chamado as pressas à casa de um homem que sofre com uma terrível febre, com inchaço nos gânglios e manchas vermelhas por todo o corpo. A possibilidade da doença desse homem ser peste era nula, mas o desenrolar dos fatos, das mortes dos ratos e do aumento dos casos de febre levanta essa opção e Rieux é chamado pelas autoridades para participar do comitê que decidirá quais medidas deverão ser tomadas. Logo fica confirmado que a famosa peste bubônica, que assolou a Europa na idade média matando um terço da população, estava de volta.
Dir-se-ia que a própria terra onde estavam plantadas nossas casas se purgava de seus tumores, pois deixava subir à superfície furúnculos que, até então, a minavam interiormente.
As primeiras medidas foram o fechamento da cidade e do porto, e tudo muda. Os cidadãos assolados por uma doença altamente agressiva e transmissível ainda precisam conviver com o isolamento do mundo, alguns conseguem, outros não. As medidas sanitárias se tornam supérfluas diante do aumento expressivo no número de mortos. Todos estão na mira da peste e a escassez do álcool torna tudo mais difícil. Depois de tantos flagelos, um novo soro e o clima frio do inverno trazem algum alento a Rieux e sua equipe. Finalmente a peste recua. A história terminaria aqui e assim, se o livro não fosse escrito por Camus.
Sobre "A Peste", de A. Camus, 1947
Nenhum comentário:
Postar um comentário