A LUTA, MAIS AINDA
O Movimento da Luta Antimanicomial nasceu com as lutas políticas no Brasil durante o período imediatamente pós-ditadura militar. Corria o ano de 1987. Ele se alia à chamada reforma psiquiátrica e se conjuga ao projeto de implantação do SUS. Pensar hoje (não comemorar) a Luta é um exercício ético-político gestado na relação (direta ou indireta) com o paciente, no momento em que forças conservadoras e fascistas se espalham, impregnam e devastam o país. Tais forças são poderes explícitos (todos veem) ou implícitos (ninguém vê, mas todos sentem). De toda sorte penetram na alma das pessoas na expressão de um euzinho ajuizado e consciente. A psiquiatria, não como especialidade médica, mas como forma social (instituição), odeia a lógica antimanicomial. Ela funciona em aliança com outros dispositivos de controle (escola, estado, direito, polícia, família, exército etc) e busca no caldo da deusa-ciência diluir a forma antimanicomial do pensar. Produz seguidores aos milhões, inclusive o próprio paciente e seus familiares. Com as melhores intenções humanísticas quer mais é medicalizar e moralizar a vida, tamponar o desejo, racionalizar a existência, demonizar a loucura, mantendo seu status hegemônico na relação com os poderes vigentes. Figura sinistra essa a do manicômio, origem "baixa" da psiquiatria, ainda é concreta ( mais que nunca) na ordem subjetiva dos serviços de saúde mental. Apesar de tudo, apesar do aborto das suas linhas criativas de potência, a Luta insiste e ainda pode ser um ato de resistência aos hospícios internos em cada um de nós.
A.M.
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