AO TÉCNICO EM SAÚDE MENTAL
Considere o paciente (ou usuário de um serviço em saúde mental) antes de toda moral julgadora. Lembre-se que a existência é puro devir, e por isso vertigem, risco e potência. Esta é uma maneira de enxergar o mundo que busca apreender a passagem do tempo como sendo a própria subjetividade. Há só devires. E mais: considere que o que distingue os seres (humanos e inumanos) não é o gênero, a espécie, a função, a forma, o status, a raça, o credo, etc, mas os graus de potência. A instituição-medicina não sabe disso, não quer isso, não quer saber pois funciona essencialmente com objetos visíveis e sólidos. Isso não é um mal, mas uma postura clínico-teórica que se mostra insuficiente para encontrar a diferença em psicopatologia. Saia da ótica biomédica marcada pela ciência positivista, pelo mecanicismo newtoniano e pela adesão ao mercado do consumo desenfreado. Escape dos horrores do capital. Adote uma posição ético-estética no dia-a-dia da clínica. Os fluxos vitais que animam o corpo do paciente, que o fazem viver, são os do desejo-produção, não os do desejo coagulado, cronificado, humilhado, desejo-produto, desejo-em-falta, carência infinita, tédio. É certo que no pais do carnaval, do futebol, e das matas, a melancolia anda sem freios. Experimente o Encontro ao escutar antes que a escuta, ao Amar antes que o amor. Faça o acontecimento. Não há fórmulas, receitas ou protocolos. Arrisque-se ...jogue os dados do acaso. Ou então, tome a benção aos poderes dominantes... e peça autorização para existir.
A.M.
Perfeito!!
ResponderExcluirUma prece aos que se arriscam.
"Só os que se arriscam a ir longe demais são capazes de descobrir o quão longe se pode ir"
Thomas Stearns Eliot
Um convite desses não é para rebanhos. Rezo por uma medicina que desperte. Obrigada por nos provocar. Soube que em Conquista há médicos negacionistas, imagina que risco corremos!
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