sexta-feira, 30 de julho de 2021

 DEZ PONTOS PARA IDENTIFICAR UM FASCISTA


1-O fascista sabe apenas usar um método que é do fascismo. Este método tem como principal característica um grito: " Viva a morte".


2-Acontece que para funcionar na prática, o fascismo necessita estar "dentro" das pessoas, dentro de nós. Daí, todo fascismo é um microfascismo. 


3-Apesar da origem histórica situá-lo na direita, hoje (usando-se lentes de aumento) não há mais fascista de direita ou de esquerda. Existe apenas o fascista e seus cânticos de destruição.


4-O fascista se aproxima do paranóico. No entanto, enquanto o paranóico acaba no manicômio, o fascista continua solto. Opera ao ar livre, destila e propaga seu delírio como normal e talvez salvador.


5-O fascista anseia por uma verdade pronta, reta e simplória. Vive de certezas absolutas. Isso o alimenta sem cessar. Sofre de uma espécie de bulimia ideológica.


6-Gosta de raciocinar por dualismos; bem/mal, esquerda/direita, homem/mulher, rico/pobre, louco/normal, bonito/feio. Seu cérebro mente. 


7-As regras do jogo democrático lhe são quase insuportáveis. No caso brasileiro, o fascista costuma pregar o golpe e a intervenção militar.


8- O diálogo com o fascista é muito difícil. Ele se expressa como pensamento único. Nazistas e estalinistas, velhos amigos, trocam ideias e figurinhas.


9-Os sentimentos fascistas podem conviver sob harmonias bizarras. Hitler amava a sua cadela Blondie.


10-Por fim, mas não menos importante, o fascista costuma atirar pra matar em tudo  que se movimenta: a vida.


A.M.


 

Nenhum homem ou mulher pode se gabar de ter dado uma boa foda a não ser que ele, ou ela, seja bem fodido também.

(...)


Henry Miller in O mundo do sexo

terça-feira, 27 de julho de 2021

O CISTO SOCIAL

A experiência capsiana é (ou deveria ser) movida por dois conceitos.  São eles: o “cuidado ao paciente” e o “técnico em saúde mental”. A criação destes conceitos emerge no interior  da prática com o paciente. É aí onde o “psicossocial” interpela o “biomédico” como parte de uma luta diária em prol de regimes ético-estéticos inauditos. Isso pode parecer estranho e demasiado abstrato. Lamento que não o seja ainda mais abstrato: é que o puro afeto não tem forma. A abstração ordinária (perda das formas instituídas) está inscrita em cada gesto como o que inova e faz dos modelos fixos peças recicláveis em arranjos clínicos disformes. O Caps é a clínica-linha como signo de vida da crueza do real-social. O cuidado ao paciente funciona em alianças institucionais e fluxos atrevidos rasgando convenções arcaicas. Isso margeia a periferia dos espíritos que resistem à infâmia e a vergonha. O técnico em saúde mental é o que ultrapassou as divisões entre disciplinas e entre os saberes e se transferiu para a técnica, aí onde já não há mais fronteiras. O contato com a loucura (este não é um conceito médico) é regido pela percepção do caos da psicopatologia num mundo fora e dentro de nós, técnicos do equilibrismo. Sim, não é para qualquer um. Diante disso, o planejamento de um serviço ambulatorial em saúde mental dispara na contra-corrente das práticas clínicas de autonomia subjetiva. Tal serviço parece mais um cisto parasitário do corpo coletivo, tudo em nome da verdade médica. Como calar?


A.M.

Me canso fácil dos preciosos intelectos que precisam cuspir diamantes toda vez que abrem as suas bocas. Eu me canso de ficar batalhando por cada espaço de ar para o espirito. É por isso que me afasto das pessoas por tanto tempo, e agora que estou encontrando as pessoas, descubro que preciso voltar para a minha caverna.


Charles Bukowski

sábado, 24 de julho de 2021

O QUE EXISTE

Não existe a "esquizofrenia". Existe a experiência esquizofrênica em seu dilaceramento existencial, seus delírios, sua profunda mudança na percepção da realidade de si e do mundo.Não existe o "bipolar". Existe a perda de controle do humor e, ao contrário, o controle do humor sobre si, seja na direção às  alturas do eu sem dono, seja no rumo das cisternas do eu sem fundo. Não existe o "transtorno do pânico". Existe a experiência da angústia, do medo ampliado aos confins do infinito e da morte insistente nas batidas de um coração inquieto. Não existe a "depressão". Existe a experiência de recusa em viver e, simultaneamente, da impossibilidade de morrer como sensação inscrita nas entranhas de um corpo supliciado. Não existe o "toc". Existe uma corrosão da invenção de si mesmo em meio a um mundo automatizado pelas máquinas em condutas iguais e voltadas à repetição estéril.  Não existe o "transtorno da ansiedade". Existe a experiência de um mal estar indefinível, de um incômodo atroz, da fobia, do desgosto subjetivo concretizado na interrupção dos processos (livres) do desejo. Não existe o diagnóstico. Existem dores da alma.


A.M.


EMIL NOLDE


 

A DIFERENÇA NA SAÚDE MENTAL 


Para discutir a diferença na saúde mental há uma questão conceitual básica. A "mente" não é o cérebro. Ninguém nunca viu a mente, ninguém nunca pegou, mediu ou pesou a mente. Lidamos com um objeto abstrato, ou seja, com o sem-forma. Para acessá-lo, o método científico da psiquiatria  não só é limitado como muitas vezes se faz nocivo ao paciente. É que em função do lugar de poder que ocupa, o discurso psiquiátrico produz verdades subjetivadas como transtorno mental. Num quadro conceitual que representa a saúde mental como saúde do cérebro, como inserir a diferença? Ora, a diferença concebe a mente enquanto mundo, já que o mundo não tem uma forma única, não tem um modelo. Ao contrário e bem mais, o mundo é composto de processos sociais (forças) que se cruzam, se aliam, se destroem, se alimentam, configurando o que chamamos de inconsciente-produção no sentido em que Deleuze-Guattari trabalham. A diferença está imersa no inconsciente. "O inconsciente é órfão, ateu e anarquista". Bem entendido, não o psicanalítico, mas é o inconsciente- produção e sem-forma (a mente) que se corporifica em práticas sociais concretas (a clínica). 


A.M.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Gabriel O Pensador - Patriota Comunista

O SENTIDO DAS DEPRESSÕES

As depressões atuais se espalham num amplo espectro de acontecimentos, onde a etiologia (causa) e o quadro clínico (sintomas) são múltiplos. Desse modo, é essencial para uma clínica da diferença em psiquiatria ( um paradoxo!) não considerar as depressões no sentido biomédico. Dupla traição: trair a psiquiatria como especialidade médica e à psiquiatria como instituição (forma social). As depressões não são, pois, uma doença do cérebro, mesmo que este se mostre alterado em seu funcionamento. Ora, qualquer afeto produz efeitos sobre o cérebro, mesmo e principalmente  um "bom" afeto, por exemplo, a alegria. Ela embriaga. Assim, na análise semiológica do Encontro com o paciente, as perguntas devem partir do Mundo para o eu, e não o contrário. De onde você veio, onde você vive, com quem vive, como vive, trabalha, como trabalha, em que acredita, amores, quais seus amores, etc. São linhas existenciais que mapeiam singularidades. Sim, talvez haja necessidade de um anti-depressivo...e se houver, será na contextualização do tempo desejante. Ou seja, tudo pelo gosto de viver. Pena que as cronificações depressivas ( no Caps são tantas) circulem e se mostrem cada vez mais explícitas. No entanto, como poderia ser diferente se a própria psiquiatria anda deprimida? Sinapses esgotadas...  neurônios aflitos... angústia por toda parte.


A.M.

terça-feira, 20 de julho de 2021

domingo, 18 de julho de 2021

Bolsonaro mente 7 vezes em discurso após saída de hospital

POLÍTICAS VITAIS


Há muitos doutores e eruditos que nos convidam a um olhar científico asseptizado, verdadeiros loucos também, paranóicos. É preciso resistir às duas armadilhas, a que nos arma o espelho dos contágios e das identificações, a que nos indica o olhar do entendimento. Nós só podemos agenciar entre os agenciamentos. Só temos a simpatia para lutar, e para escrever, dizia Lawrence. Mas a simpatia não é nada, é um corpo a corpo, odiar o que ameaça e infecta a vida, amar lá onde ela prolifera (nada de posteridade nem de descendência, mas uma proliferação...). Não, diz Lawrence, vocês não são o pequeno esquimó que passa, amarelo e gorduroso, vocês não têm que se tomar por ele. Mas talvez vocês tenham algo a ver com ele, vocês têm algo para agenciar com ele, um devir-esquimó que não consiste em se passar pelo esquimó, a imitar ou em se identificar, em assumir o esquimó, mas em agenciar alguma coisa entre ele e vocês – pois vocês só podem se tornar esquimó se o próprio esquimó se tornar outra coisa. O mesmo acontece com os loucos, com os drogados, com os alcoólatras. Há quem faça objeção: com sua miserável simpatia, você se serve dos loucos, faz o elogio da loucura, e depois os deixa de lado, permanece sobre a margem... Não é verdade. Tentamos extrair do amor toda posse, toda identificação, para nos tornarmos capazes de amar. Tentamos extrair da loucura a vida que ela contém, odiando, ao mesmo tempo, os loucos que não param de fazer essa vida morrer, de voltá-la contra si mesma. Tentamos extrair do álcool a vida que ele contém, sem beber: a grande cena da embriaguez com água pura, em Henry Miller. Abster-se do álcool, da droga, da loucura, é isso o devir, o devir-sóbrio para uma vida cada vez mais rica.

(...)


G.Deleuze e C. Parnet in Diálogos

sábado, 17 de julho de 2021

TULIPAS ETERNAS


 

ESTUDOS SOBRE O SUICÍDIO - IV


A complexidade do tema "suicídio" conduz a pesquisa para linhas dispostas num rizoma.  Trata-se de uma abordagem transdisciplinar. Isso ultrapassa as fronteiras entre os saberes em prol da construção de um conhecimento que os atravessa. Nesse caso a questão é a da vida. Tanto a nível especulativo quando a nível empírico, é a vida e mais precisamente "o que é viver" que se expressa como densidade existencial irrecusável. É o que está em jogo. Entre os focos de atenção para com o tema está o ato concreto de alguém se matar. Como foi possível? Como ele conseguiu? O "como" não se refere ao método usado, mas mais profundamente à pergunta: que forças atuaram no momento fatal? É simples constatar que motivos de toda ordem existem para alguém se matar. Quem nunca pensou nisso, nem que por um breve momento? Nas síndromes psiquiátricas a ideação suicida, apesar de comum, nem sempre chega a se consumar como ato. Então, eis a nossa hipótese: mais importantes que os motivos, são as linhas de forças destrutivas na organização subjetiva (afetiva) que triunfam: chegou a hora. Como isso se agencia? Como isso passa ao ato? Os afetos (um "gosto ou desgosto em viver") são ultrapassados por uma vivência interna (um "não querer viver") produzida de fora, ou seja, pela sociedade. O "não querer viver" é social. Não no sentido de que "a sociedade é culpada" mas no sentido em que somos seres sociais e é isso que nos faz humanos. Não existe, pois, o indivíduo e a sociedade separados porque o indivíduo já é a sociedade-em-nós. O suicídio é um sintoma social do "não querer viver". Ou no mínimo, que está muito difícil viver. Esta é a base conceitual para se pensar o tema "suicídio" sem apelar para uma reflexão mortuária em  disfarces moralistas (a religião), técnicos (a medicina), políticos (o estado) e publicitários (a mídia). 


A.M.


 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A felicidade real sempre parece bastante sórdida em comparação com as supercompensações do sofrimento. E, por certo, a estabilidade não é, nem de longe, tão espetacular como a instabilidade. E o fato de se estar satisfeito nada tem da fascinação de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de um combate contra a tentação, ou de uma derrota fatal sob os golpes da paixão ou da dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.

(...)


Aldous Huxley

UM ENCONTRO DIFÍCIL


O organismo físico-químico, visível, palpável e mensurável, é o objeto da medicina, onde ela de fato intervêm, e, caso obtenha êxito terapêutico (principalmente por isso), retira mais-valia de poder. No entanto, junto a esse organismo e fora da relação linear causa-efeito, funciona o corpo das intensidades livres. Não é visível, não é palpável, não é mensurável, nem segue os mapas fisiopatológicos vistos em exames por imagem. Distinto da consciência que sempre obedece ordens, ele não obedece, é rebelde e alterna com o organismo fluxos atuais e/ou antigos de afetos nômades. São estes que impulsionam a vida, que são a vida : potência sem forma. Em face desse real estado de coisas, tal corpo traz grandes dificuldades à pesquisa. Como acessar algo que não se vê não se toca nem se mede? Na clinica psicopatológica há um "corpo que não aguenta mais" e que se expressa em sintomas álgicos (por exemplo, cefaléias crônicas - simbolismo do órgão?), mas também como multiplicidade de sintomas que resumimos sob o nome de angústia. Aqui não se trata de usar a psicanálise como doutrina ou método de trabalho, mas de roubar deste saber a hipótese de um inconsciente para além da representação de papai-mamãe. Um inconsciente "órfão, ateu e anarquista", inconsciente-corpo. Não é fácil encontrá-lo.


A.M

domingo, 11 de julho de 2021

MÁQUINA DE GUERRA, CIÊNCIA MENOR, NÔMADE


(...) Um corpo não se reduz a um organismo, assim como o espírito de corpo tampouco se reduz à alma de um organismo. O espírito não é melhor, mas ele é volátil, enquanto a alma é gravífica, centro de gravidade. Seria preciso invocar uma origem militar do corpo e do espírito de corpo? Não é o "militar" que conta, mas antes uma origem nômade longínqua. Ibn Khaldoun definia a máquina de guerra nômade por: as famílias ou linhagens, mais o espírito de corpo. A máquina de guerra entretém com as famílias uma relação muito diferente daquela do Estado. Nela, em vez de ser célula de base, a família é um vetor de bando, de modo que uma genealogia passa de uma família a outra, segundo a capacidade de tal família, em tal momento, em realizar o máximo de "solidariedade agnática". A celebridade pública da família não determina o lugar que ocupa num organismo de Estado; ao contrário, é a potência ou virtude secreta de solidariedade, e a movência correspondente das genealogias, que determinam a celebridade num corpo de guerra. Há aí algo que não se reduz nem ao monopólio de um poder orgânico nem a uma representação local, mas que remete à potência de um corpo turbilhonar num espaço nômade. Certamente é difícil considerar os grandes corpos de um Estado moderno como tribos árabes. O que queremos dizer, na verdade, é que os corpos coletivos sempre têm franjas ou minorias que reconstituem equivalentes de máquina de guerra, sob formas por vezes muito inesperadas, em agenciamentos determinados tais como construir pontes, construir catedrais, ou então emitir juízos, ou compor música, instaurar uma ciência, uma técnica... Um corpo de capitães faz valer suas exigências através da organização dos oficiais e do organismo dos oficiais superiores. Sempre sobrevêm períodos em que o Estado enquanto organismo se vê em apuros com seus próprios corpos, e em que esses, mesmo reivindicando privilégios, são forçados, contra sua vontade, a abrir-se para algo que os transborda, um curto instante revolucionário, um impulso experimentador. Situação confusa onde cada vez é preciso analisar tendências e pólos, naturezas de movimentos. De repente, é como se o corpo dos notários avançasse de árabe ou de índio, e depois se retomasse, se reorganizasse: uma ópera cômica, da qual não se sabe o que vai resultar (acontece até de gritarem: "A polícia conosco!"). 

(...)


G. Deleuze e F. Guattari in Mil Platôs, vol 5

Erroll Garner plays Misty

Dez minutos


Um desconhecido

me pergunta as horas.

Faltam dez minutos.



Bruno Brum

sexta-feira, 9 de julho de 2021

A DIFERENÇA NA SAÚDE MENTAL 

Para discutir a diferença na saúde mental há uma questão conceitual básica. A "mente" não é o cérebro. Ninguém nunca viu a mente, ninguém nunca pegou, mediu ou pesou a mente. Lidamos com um objeto abstrato, ou seja, com o sem-forma. Para acessá-lo, o método científico da psiquiatria  não só é limitado como muitas vezes se faz nocivo ao paciente. É que em função do lugar de poder que ocupa, o discurso psiquiátrico produz verdades subjetivadas como transtorno mental. Num quadro conceitual que representa a saúde mental como saúde do cérebro, como inserir a diferença? Ora, a diferença concebe a mente enquanto mundo, já que o mundo não tem uma forma única, não tem modelo. Ao contrário e bem mais, o mundo é composto de processos sociais (forças) que se cruzam, se aliam, se destroem, se alimentam, configurando o que chamamos de inconsciente-produção no sentido em que Deleuze-Guattari trabalham. A diferença está imersa no inconsciente. "O inconsciente é órfão, ateu e anarquista". Bem entendido, não o psicanalítico, mas o inconsciente- produção e sem-forma (a mente) que se corporifica em práticas sociais concretas (a clínica). 

A.M.

 


terça-feira, 6 de julho de 2021

CURSO DE PSICOPATOLOGIA


Esboço de programa:


1-A instituição psiquiatria

2-Estudo sobre os afetos

3-Estudo sobre os delírios

4-Psicofarmacoterapia: limites e distorções

5-A ética em saúde mental

DMITRI DANISH


 

domingo, 4 de julho de 2021

OUTRA PSICOPATOLOGIA

A psicopatologia, descolada da psiquiatria, passa a ter vida própria. Uma psicopatologia órfã. Na sala de aula, dizê-la requer sobretudo a capacidade de criar condições para o pensamento. Não fazer refletir, mas fazer pensar a saúde mental ao mesmo tempo sem e com as categorias psiquiátricas. Deixar-se levar num paradoxo enunciativo vindo do mundo das psicoses. A clínica da diferença começa com as psicoses e, daí, com a quebra das significações dominantes. O que fazer dos enunciados psiquiátricos encharcados de moral, mas que, por vezes, prestam socorro ao paciente em situações-limite? Pensar é criar, "seguir sempre a linha de fuga do vôo da bruxa" (Deleuze-Guattari). Esta frase intrigante traz o pensamento para o risco de dissolução dos códigos psiquiátricos. "O que fazer com os doentes sem a psiquiatria?", diria o bom senso das instituições. Ora, já que a psicopatologia tornou-se órfã, os seus compromissos passam a ser outros (...) (...) A ética, enfim...


A.M.

sábado, 3 de julho de 2021

CURSO DE PSICOPATOLOGIA 

Início - 11/08/2021, 4ª feira - 19 hs.

Informações - zap 77-99914-40-41

Marisa Monte | Pra Melhorar feat Seu Jorge e Flor (vídeo)

Noite morta.


Junto ao poste de iluminação

Os sapos engolem mosquitos.


Ninguém passa na estrada.

Nem um bêbado.


No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.

Sombras de todos os que passaram.

Os que ainda vivem e os que já morreram.


O córrego chora.

A voz da noite...

(Não desta noite, mas de outra maior.)


Manoel Bandeira