OUTRA PSICOPATOLOGIA
A psicopatologia, descolada da psiquiatria, passa a ter vida própria. Uma psicopatologia órfã. Na sala de aula, dizê-la requer sobretudo a capacidade de criar condições para o pensamento. Não fazer refletir, mas fazer pensar a saúde mental ao mesmo tempo sem e com as categorias psiquiátricas. Deixar-se levar num paradoxo enunciativo vindo do mundo das psicoses. A clínica da diferença começa com as psicoses e, daí, com a quebra das significações dominantes. O que fazer dos enunciados psiquiátricos encharcados de moral, mas que, por vezes, prestam socorro ao paciente em situações-limite? Pensar é criar, "seguir sempre a linha de fuga do vôo da bruxa" (Deleuze-Guattari). Esta frase intrigante traz o pensamento para o risco de dissolução dos códigos psiquiátricos. "O que fazer com os doentes sem a psiquiatria?", diria o bom senso das instituições. Ora, já que a psicopatologia tornou-se órfã, os seus compromissos passam a ser outros (...) (...) A ética, enfim...
A.M.
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