O QUE É UMA PSIQUIATRIA MENOR? - parte 2
É uma psiquiatria do desejo. Não o desejo como falta, carência, incompletude, mas o desejo como produção, produção de produção. É que o desejo quer sempre mais, novas conexões, outros desejos. Desejar o desejo, produzir desejo é o que lhe resta fazer.
Mas desejar não é fácil. Um trabalho imperceptível, talvez invisível, fabrica linhas da diferença em meio ao rumor dos tempos sombrios.
Mil disfarces são necessários à sua prática. A camuflagem torna-se uma função guerreira.
Uma psiquiatria menor vive nas e das intensidades poéticas da loucura, não da loucura-doença mas da loucura como experiência de abertura aos signos que vêm de fora.
Eles são os da Terra e dos corpos supliciados.
A ética só existe (a ser criada) como ato clínico na psicopatologia. Não há, pois, um código de ética pronto e juramentado como o da medicina. A referência é o paciente: uma vida.
Um paciente são multidões. Não há o indivíduo.
Uma psiquiatria menor só funciona no desejo, com o desejo e pelo desejo. Assim como a ética, o desejo não preexiste. Construi-lo dá trabalho.
A.M.
Perfeito! Esse é o caminho.
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