À PROCURA DA DIFERENÇA
Em saúde mental, conceito que remete ao Fora (funcionamento produtivo e múltiplo das sociedades) e ao pensamento sem imagem (não representativo), a diferença se faz e se tece por linhas invisíveis. Por isso e para isso segue um percurso tortuoso e arriscado onde a poesia talvez se torne a expressão mais intensa do seu corpo supliciado mas sempre alegre. Não é possível identificá-la ("veja, a diferença!") nem assimilá-la a formas sociais estáveis ou a consciências bem intencionadas. Ela não tem identidade, organização visível, protocolo, modelo pronto, rosto único, significante total, mas conteúdos dispersos (desejos) formigando por toda parte. Isso contraria e assusta os guardas perfilados da razão erudita e os moralistas de plantão. A escola, o manicômio (à céu aberto), o direito, a universidade, a pessoa... tantas linhas sedentárias... atormentam o viver com práticas mortuárias. Falamos então de outros universos, sensibilidades desconhecidas, singularidades. Para além dos axiomas da saúde mental e da educação que lhe são correlatos, a diferença só pode ser encontrada no mundo do abstrato, mundo sem forma e ao mesmo tempo real, realíssimo e movido por devires incontroláveis. Eles fluem, morrem e nascem aqui mesmo na Terra, ao nosso lado, dentro de nós.
A.M.
Reconhecidas as práticas mortuárias, coo acionar os dispositivos desse mundo abstrato que poderia devolver nossa pulsão de vida?? E ainda o sistema nos permitiria antes de nos medicar novamente capturando-nos? Como escapar??
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