MENTE OU CORPO?
Correlata à consciência, a questão mente-corpo atravessa o pensamento clínico-psiquiátrico. Ela está ligada à pesquisa etiológica dos transtornos mentais. As teorias se fizeram a partir de um dado primário que é o da clínica, ou seja, da observação do paciente. Mas o conceito de alienação, vindo da filosofia, abstrai para a consciência o que se constata na prática. O paciente, em maior ou menor grau, está fora de si mesmo, padecendo de uma espécie de consciência alienada. Torna-se estrangeiro de si. Cabe a psiquiatria recolocá-lo no lugar dele, desaliená-lo. Esse fato percorre o século XIX sob o nome de alienismo. Num tempo pré-freudiano, a consciência abarcava todo o campo do que se chama “mente” ou “eu”, termos que acabam sendo sinônimos, pois atuam de modo idêntico. São requisitos nominais para ações médicas de examinar, tratar,reabilitar, julgar, etc...Se a consciência é considerada “mente”, ela é naturalmente posta em oposição ao corpo. Partindo da mente alienada, a psiquiatria intervêm sobre o corpo. Isso foi descrito exaustivamente por Foucault e outros autores em relação às práticas de repressão e tortura ao longo do século XIX. Dir-se-ia que a psicopatologia vai se constituindo como uma consciência sem corpo, ou uma mente sem corpo. Tal vazio foi preenchido com as pesquisas médicas à respeito da sífilis cerebral. O cérebro avariado seria ou deveria ser o corpo próprio à psicopatologia.
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A.M.
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