sábado, 30 de março de 2024

CAPITALISMO E ESQUIZOFRENIA - 1

A produção capitalística, em tempos atuais, se dá em escala planetária: a devastação da Terra. Por isso Félix Guattari criou o conceito de Capitalismo Mundial Integrado. O CMI significa a produção subjetiva e portanto material, ou o contrário, a produção material e portanto subjetiva. "Só existe o desejo e o social". Neste sentido, infere-se que o sistema capitalístico se afirmou e se afirma em tão amplas proporções exatamente por que domina e controla os indivíduos por dentro, produzindo subjetividades robotizadas (modos de pensar, sentir, perceber e agir) que giram em torno do valor-dinheiro como abstração concretizada em bens de consumo. A servidão imunda, consentida, é querida: consome-se todo tipo de produto, incluindo sentimentos, valores, religiões, notícias, doenças, conhecimentos, assistencialismos, remédios, espiritualidades, etc. Ora, em tal universo, o sentido é produzido sem cessar como sendo o mundo mais desenvolvido, mais avançado já alcançado pelo Homem, o que é comprovado pela tecnologia científica. Sob tais condições, é muito difícil pensar diferente, ou apenas pensar! Porque não há (aparentemente) um "fora" do capitalismo. O sistema abarcou tudo, tomou tudo, invadiu tudo atingindo as estruturas do inconsciente. Estamos de fato num mundo delirante (Marx o destaca no "fetichismo miraculante" da mercadoria no início de "O Capital"). A crença maior é o delírio do capital e é para todos. Atravessa países, cidades, continentes: uma busca enlouquecida pela felicidade no exercício diário do consumo fez do homem moderno uma engrenagem plástica onde só há uma cultura que é a máquina do capital. Como resistir a tal insânia normatizadora, religião profana, alma escrava, servo moderno?


A.M

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