quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

OUTRA POLÍTICA?  ( 2 )

1-O sistema do capital, atualizado por máquinas técnico-científicas, estabeleceu um regime único de verdade: o indivíduo como entidade biológica versus o Estado e o Mercado. 

2-Tudo passa, então, a girar em torno das condições de vida eternizadas pela ideia (poderosa) de progresso.

3- Uma outra política implicaria em ultrapassar a órbita do Estado-nação em favor de povos expressos em multiplicidades étnicas, culturais, políticas, indígenas, espirituais, cósmicas, etc.

4- O que seria a dimensão Coletiva na fabricação de novos modos de sentir, perceber e fazer a Realidade? Seria o fim do Império e de suas metástases nazi-fascistas.

5-Num projeto dessa ordem a Religião desapareceria em prol de  experiências espirituais sem espírito. Só o corpo em potência.

6-Impossível?


A.M 

ROSAS FOREVER

 


CORPO


Pompas e pompas, pompas soberanas

Majestade serene da escultura

A chama da suprema formosura,

A opulência das púrpuras romanas.


As formas imortais, claras e ufanas,

Da graça grega, da beleza pura,

Resplendem na arcangélica brancura

Desse teu corpo de emoções profanas.


Cantam as infinitas nostalgias,

Os mistérios do Amor, melancolias,

Todo o perfume de eras apagadas...


E as águias da paixão, brancas, radiantes,

Voam, revoam, de asas palpitantes,

No esplendor do teu corpo arrebatadas!


Cruz e Sousa

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O ATO DE CRIAÇÃO

(...)

Qual é o conteúdo da filosofia?

Muito simples: a filosofia é uma disciplina tão criativa, tão

inventiva quanto qualquer outra disciplina, e ela consiste em criar ou

inventar conceitos. E os conceitos não existem prontos e acabados numa

espécie de céu em que aguardariam que uma filosofia os apanhasse. Os

conceitos, é preciso fabricá-los. É claro que os conceitos não se fabricam

assim, num piscar de olhos. Não nos dizemos, um belo dia: “Ei, vou

inventar um conceito!”, assim como um pintor não se diz: “Ei, vou pintar

um quadro!”, ou um cineasta: “Ei, vou fazer um filme!”.

É preciso que haja uma necessidade, tanto em filosofia quanto nas

outras áreas, do contrário não há nada. Um criador não é um ser que

trabalha pelo prazer. Um criador só faz aquilo de que tem absoluta

necessidade. Essa necessidade — que é uma coisa bastante complexa, caso

ela exista — faz com que um filósofo (aqui pelo menos eu sei do que ele se

ocupa) se proponha a inventar, a criar conceitos, e não a ocupar-se em

refletir, mesmo sobre o cinema.

Eu digo que faço filosofia, ou seja, que tento inventar conceitos. E

vocês que fazem cinema, o que vocês fazem?

(...)


Gilles Deleuze,  palestra em 17/03 1987, na Fundação Européia dea Imagem e do Som