QUAL PSIQUIATRIA?
O conceito de consciência está presente, de modo explícito ou não, na clínica psicopatológica desde os seus primórdios. Pode-se dizer que é impossível realizar o exame do paciente sem pôr a questão: “ele está consciente”? Trata-se do conceito clínico de grau (ou nível) da consciência. Da vigília (a normalidade) ao coma, desenha-se um espectro de graus de consciência (torpor, turvação, obnubilação, etc) em que as estruturas neurocerebrais estão comprometidas. A equação "consciência-mente-cérebro" é adotada como resposta teórica à clínica dos transtornos mentais de origem orgânica. Quanto mais alguém está consciente, melhor estará funcionando o seu cérebro e por extensão a mente. No entanto, isso não basta para o massacre clínico. Chega a noção de intencionalidade: o exame pode ser esmiuçado: “o indivíduo sabe o que faz”? Ou “ele tem noção (=consciência) dos seus atos”? Um sentido moral se insinua, se fixa, ficando encoberto pelo sistema fechado “cérebro/mente”. É uma elaboração teórica pérfida e desastrosa para o Encontro com o paciente. Ninguém o escuta. Ele não existe.
(...)
A.M.
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