POÉTICAS DO CAOS
A linguagem poética fere de morte o princípio de identidade do discurso inteligível da técnica. É isso mesmo. Uma experiência-limite não precisa de palavras. Isso desconcerta a clínica do cérebro. Esta, busca neuro-lugares e pontos fixos. Cortem aqui. Cortem ali. A representação do Mesmo é batata. Abram alguns cérebros e lá estará o rigor mortis. Enfim, um método infalível. Ele gargalha sobre a última fronteira. Que se passa? Ainda bem: há poesia injetada em agulhas finas. A linguagem desliza: criança, poeta, louco, vidente, vagabundo, artista, a tralha dos sem-eu, todos descem pelo conta-gotas da resposta aos sintomas. Não há como se explicar aos cientistas. O tecido poético cria muito antes da medição dos contornos da hipófise. É matriz e argamassa das construções exatas sobre o funcionamento dos neurônios do baixo clero. Precisamos de mais poesia, mais, mais, até saturar os átomos da cabeça pensante. No entanto, o pesquisador acadêmico enuncia o veredicto das horas perdidas em conversas tolas. A condenação dirige o condenado às labaredas do inferno das psicoses, dos retardos e das demências irreversíveis. Toca o horror da patologia, limpa a mesa cirúrgica com estabilizadores do humor.Assim fica fácil destruir subjetividades em nome da Ciência e da Academia. Sem metáfora.
A.M.
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