sexta-feira, 23 de agosto de 2013

POÉTICAS DO CAOS

A linguagem poética fere  de  morte  o princípio de identidade do discurso inteligível da técnica. É isso mesmo. Uma experiência-limite não precisa de palavras. Isso desconcerta a clínica do cérebro. Esta,  busca  neuro-lugares e pontos  fixos.  Cortem  aqui. Cortem ali. A representação do Mesmo é batata. Abram alguns cérebros e lá estará  o rigor mortis. Enfim, um método infalível. Ele gargalha sobre a última fronteira. Que  se passa?  Ainda bem:  há poesia injetada em   agulhas finas. A linguagem desliza: criança, poeta, louco, vidente, vagabundo, artista, a tralha dos sem-eu, todos descem pelo conta-gotas da resposta aos  sintomas. Não há como se explicar aos cientistas. O tecido poético cria muito antes  da medição dos contornos da hipófise. É matriz e argamassa das construções exatas sobre o funcionamento dos neurônios do baixo clero. Precisamos de mais poesia, mais, mais, até saturar os átomos  da  cabeça pensante. No entanto, o pesquisador acadêmico enuncia o veredicto das  horas perdidas em conversas tolas. A condenação dirige o condenado às labaredas do inferno das psicoses, dos retardos e das demências  irreversíveis. Toca o horror da patologia, limpa a mesa cirúrgica com estabilizadores do humor.Assim fica fácil destruir subjetividades em nome da Ciência e da Academia. Sem metáfora.

A.M.

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