domingo, 16 de março de 2014

O Horror dos Vivos

Ao menos junto dos mortos pode a gente 
Crer e esperar n'alguma suavidade: 
Crer no doce consolo da saudade 
E esperar do descanso eternamente. 
Junto aos mortos, por certo, a fé ardente 
Não perde a sua viva claridade; 
Cantam as aves do céu na intimidade 
Do coração o mais indiferente. 
Os mortos dão-nos paz imensa à vida, 
Não a lembrança vaga, indefinida 
Dos seus feitos gentis, nobres, altivos. 
Nas lutas vãs do tenebroso mundo 
Os mortos são ainda o bem profundo 
Que nos faz esquecer o horror dos vivos.

Cruz e Sousa

Nenhum comentário:

Postar um comentário