SEM CORPO, SEM AFETO
A psiquiatria funciona não funcionando. Tal paradoxo operacional compreende alianças institucionais poderosas. Citemos 5: a família, a escola, o direito, o estado e a polícia. Há outras... Usamo-las como referência à produção de um organismo-verdade ajustado aos funcionamentos de manutenção fisiológica e bioquímica que lhe dizem respeito. “Não funcionar” significa estar sem corpo e sem afeto e ao mesmo tempo produzir organismos centrados na consciência. O filho, o aluno, o réu, o cidadão e o bandido (respectivos ás instituições nomeadas acima) oferecem um organismo e uma consciência como suportes de verdade à psiquiatria esvaziada de conceitos, mas prenhe de poderes. É que ela se insinua e se inscreve num campo social capturado pelo capital semiótico hegemônico (significância) e só funciona graças a esses suportes (territórios) expressos no visível (organismo) e no dizível (consciência). Buscamos outra coisa: criar síndromes psiquiátricas a partir da razão clínica mais direta: um estado selvagem ao olhar ético-estético. Uma psiquiatria da diferença ou a diferença na psiquiatria.
A.M.
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