SABERES ÓRFÃOS
A psicopatologia, descolada da psiquiatria, passa a ter vida própria. Uma psicopatologia órfã. Dizê-la e fazê-la requer sobretudo criar condições para o pensamento. Que é uma prática. Não fazer refletir, mas fazer pensar a saúde mental ao mesmo tempo com e sem as categorias psiquiátricas. Deixar-se levar num paradoxo enunciativo vindo do mundo das psicoses. A clínica da diferença começa com as psicoses e, daí, com a quebra das significações dominantes. O que fazer dos enunciados psiquiátricos encharcados da moral e que, ao mesmo tempo, prestam serviços ao paciente em situações-limite? diria o bom senso das instituições. Ora, já que a psicopatologia tornou-se órfã, ela se constitui como um saber menor, uma minoridade. Ou seja, um saber sem modelo identitário, não regido pelos significantes psiquiátricos. E por isso útil ao paciente.
(...)
A. M. - do livro Linhas da diferença em psicopatologia
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