ÉTICA E CLÍNICA EM SAÚDE MENTAL
Em saúde mental, a ética é indissociável da clínica. Não como ética idealista, ou seja, não como reflexão teórica sobre a moral. Isso é antigo. Trata-se de outra coisa, outro conceito. Está encravado na prática. A ética como aumento ou redução da força de viver. Potência dos corpos. A clínica em psicopatologia é assim a própria ética, ela em si mesma, ética crua, miolo da saúde mental. Impossível não haver uma escolha. A psiquiatria manicomial, instituição hegemônica na saúde mental (por vezes disfarçada de neurobiológica) também é ética, produz uma, ainda que possa ser de destruição e/ou amordaçamento dos afetos. Racionalmente, claro, tudo é justificável, mesmo que irracional. É que no ato clínico a ética passa por linhas singulares da existência. Entramos e estamos no campo das escolhas finas. Não é fácil. Não há uma chave universal para resolver os dilemas éticos. Não há modelo, não há um protocolo a seguir, exceto o dos hospícios, mais ainda os que pululam à céu aberto. Ou até dentro de nós. Então a ética terá que ser inventada a cada momento num contexto sócio-institucional. Trata-se de um aprendizado dos signos da psicopatologia. Como diria um antigo (e sábio) professor: "depois de tudo que vi, assisti, escutei, estudei, pesquisei e aprendi, chegou a hora". Diante de um paciente (uma vida), o que fazer?
A.M.
"Entramos e estamos no campo das escolhas finas (...)". Obrigada pela po-ética, amigo! Uma beleza!
ResponderExcluir"Po-ética"...gostei, rs
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