QUAL ENCONTRO?
A instituição psiquiátrica chama o seu paciente de “portador de transtorno mental”. Nem sempre explícito, tal enunciado compõe o sistema de grades dos diagnósticos, a CID-10.A expressão “mental” é usada de modo naturalizado, ou seja, todo mundo sabe o que é “mental”. A metonímia“ele é um mental” revela o estigma.Contudo, no Encontro com a loucura, acontece outra coisa: a mente desaparece como substância, ou como algo palpável, visível. Dilui-se num vazio sem forma.
Encontrar o paciente seria então possível?
Sim, na medida em que o técnico adentre ao Acaso, ao Indeterminado e ao Desconhecido.Esta é a condição. Como, então, fazer a clínica? A experiência da prática mostra que ela só existe como abertura ao mundo. Por outro lado, a ética – essência da clínica -sustenta-se na alegria. É a força maior.“O regime da alegria é o do tudo ou nada: não há senão alegria total ou nula”(*).
A.M.
(*) Clement Rosset in Lógica do pior
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