O FUNCIONAMENTO
O desejo funciona em linhas múltiplas. Certamente há uma ambiguidade inscrita no seu "interior". O desejo é produção que não cessa e não remete a um sujeito como origem. Ao contrário, o sujeito é efeito, consequência, às vezes sequela. Tudo se complica porque há um liame do desejo com o tempo que passa e não volta: a irreversibilidade. Da clínica à política, passando por mil searas humanas, o desejo-produção constitui uma ética do aumento da potência ou ao inverso, redução da potência de existir. Entre os extremos, pululam linhas existenciais (relações entre corpos) por onde o desejo escorre, se afirma ou se esvai. Essa é a condição de possibilidade para o surgimento dos afetos, tristes ou alegres. Na clínica psicoterápica, o avanço para a liberdade do singular. Na política, a luta coletiva encravada na subjetividade, mesmo a mais individual. Em ambos os casos, o que está em jogo (ou em perigo) é a diferença.
A.M.
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