Pensar o delírio : linhas da diferença - II
6 - Segundo a psiquiatria, o delírio é um sintoma e por isso deve ser eliminado; esse é o modelo biomédico vigente desde o século XIX e permanece nos dias de hoje sob o respaldo das neurociências.
7-As implicações com a clínica psicopatológica são muito evidentes; para um cérebro em mau funcionamento, substâncias químicas são usadas para atuar nos processos físico-químicos e daí eliminar, ou pelo menos reduzir a gravidade do delírio.
8- O antigo modelo biomédico se reveste na atualidade de axiomas que mapeiam o delírio em prol da adequação às normas e aos códigos sociais; nesse sentido a sociedade é vista numa posição extra-territorial. Ou seja, nada tem a ver com a produção do delírio.
9-Em termos epistemológicos a psiquiatria se debate num dualismo cérebro/mente, já que há delírios com origem orgânico-cerebral ( demências senis) e outros sem qualquer vestígio de origem cerebral ( histerias dissociativas).
10-A contradição vivida pela psiquiatria clínica ( cérebro versus mente, organismo versus psíquico) em nada ameaça o seu prestígio social, já que ela, antes de ser uma especialidade médica, é uma instituição social interessada em manter o seu lugar de poder ( status quo).
A.M.
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