domingo, 4 de junho de 2023

PSIQUIATRIA DAS SINAPSES


O deprimido vive o "endurecimento" do presente.O passado lhe condena e o futuro lhe ameaça. Resta o presente como uma espécie de rechaço ao devir. A depressão é um anti-devir, tentativa (obviamente)  fracassada de fazer parar o tempo que é irreversível.  Desse modo, a Depressão se instala e se espalha nas "células da alma" . Circula por todas as partes onde o devir coagula.  O meio são as instituições molares, formas sociais enrijecidas: eu, escola, direito, polícia, família, estado, religião, etc. Não se vive, não se cria, não se brinca, não se dança, não se sente, mas se sobrevive. O organismo físico-químico, devidamente fabricado, mensurado e comercializado pelo biopoder médico, funciona em cada uma dessas instituições. Couraças musculares (Reich) alimentam-se do consumo automático de uma subjetividade quimicamente induzida. Isso constitui e entroniza o mercado dos anti-depressivos à mão. A terrível profecia (A. Huxley) de um admirável mundo novo se cumpre.


A.M.

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