terça-feira, 9 de julho de 2013

UMA TEMPORADA NO INFERNO

Antigamente, se bem me lembro, minha vida era um festim no qual todos os corações exultavam, no qual corriam todos os vinhos.Uma noite, sentei a Beleza em meus joelhos. - E achei-a amarga. - E injuriei-a.
Armei-me contra a justiça.Fugi. Ó feiticeiras. ó miséria, ó ódio, a vós é que foi confiado o meu tesouro!
Tudo fiz para que se desvanecesse em meu espírito a esperança humana.Como um animal feroz, investi cegamente contra a alegria para estrangulá-la. Conjurei os verdugos para morder, na minha agonia, a culatra de seus fuzis.Conjurei as pragas, para afogar-me na areia, no sangue. Fiz da desgraça a minha divindade. Refocilei na lama. Enxuguei-me ao ar do crime. E preguei boas peças à loucura.
(...)
A. Rimbaud

Um comentário:

  1. Lembro-me de ter ouvido isso quando fui assistir Baal, tinha 19anos, em meu aniversário. De Harildo Déda. Esse poema eu guardei desde então... e ainda tenho no mural. Logo vou publicar sobre essas reminiscências de adolescente. Muito bom ver quem mais goste...

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