AS DOBRAS DO PODER
(...) O problema ético atual é como se dobrar. E desde o final dos anos 70 nos dobramos frente às condições da pragmática do mundo. Estas condições vão ser ditadas por um tríplice domínio das instituições, exercido pelo pós-moderno na produção da cultura (o ornamento como forma de convívio das particularidades), pela pragmática da linguagem no regime de pensamento (o consenso como forma de escolha das ações) e pelo neoliberalismo no campo da política (o privilégio do acordo como forma das práticas de dominação). Este tríplice domínio disputa a hegemonia das instituições com um outro, mais velho, formado pelo projeto moderno (o universal das formas funcionais na produção da cultura), pela filosofia analítica (a neutralidade da descrição objetiva no regime de pensamento) e pelo liberalismo (a racionalização nas práticas de dominação política). Ambos acreditam que só podemos dobrar ou ser dobrados pelas forças que realizam os fatos, nos quais a dominação da variação do presente garante o existir. Mas o mais jovem afirma -- contra as forças de progresso e desenvolvimento do mais velho -- a superioridade das forças de preservação e convívio como forma de dominar essa variação.
(...)
Henrique Antoun
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