CINISMO DO PODER
Em que medida o desastroso desempenho da seleção na Copa poderá afetar a eleição presidencial? O que se pode dizer sobre essa questão complexa que vem dividindo analistas do quadro eleitoral?
O governo sempre sonhou com a possibilidade de extrair fartos benefícios eleitorais da Copa. É claro que muitos dos seus devaneios iniciais foram superados pela realidade dos fatos. E, há alguns meses, diante das dificuldades encontradas na complexa organização do evento e do risco de que os jogos pudessem ser empanados por distúrbios violentos, o governo chegou a cruzar os dedos e simplesmente rezar para que as coisas dessem certo.
Receando que não dessem, o Planalto, de início, procurou guardar distância prudente do evento, especialmente após os lamentáveis insultos à presidente Dilma na cerimônia de abertura. Mas, aos poucos, ao constatar que, apesar dos temores, a organização do evento vinha sendo bem avaliada e que a seleção avançara até as semifinais, o Planalto decidiu voltar a se envolver mais de perto com o evento.
Ganhara força a esperança de que uma vitória do Brasil na Copa pudesse, afinal, dissipar o clima de desalento que tanto vem preocupando o governo.
Ao discutir como reverter o “mau humor” de segmentos importantes do eleitorado em relação à presidente Dilma, no fim de junho, o ex-presidente Lula foi muito claro sobre a importância que vinha atribuindo a uma vitória da seleção na Copa. “Nós vamos ganhar esse caneco porque o Brasil está precisando.” (“O Estado de S. Paulo”, 25 de junho)
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Fonte: Rogério Furqim Werneck, O Globo
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