domingo, 20 de julho de 2014

MONÓLOGO CLÍNICO

(...)A"consciência"está presente, de modo explícito ou não, na clínica psicopatológica atual e hegemônica. Pode-se dizer que é impossível realizar o exame do paciente sem pôr a questão: “ele está consciente”? Trata-se do conceito clínico de grau (ou nível) da consciência. Da vigília (a normalidade) ao coma, desenha-se um espectro de graus de consciência (torpor, turvação, obnubilação, etc) em que as estruturas neurocerebrais estariam comprometidas.A equação consciência=mente=cérebro é adotada como resposta teórica à clínica dos transtornos mentais. Tudo é cerebral ou cerebralizado.Quanto mais alguém está consciente, melhor estará funcionando o seu cérebro e, por extensão, a mente. Ora, tal proposição revela-se uma falácia, se considerarmos o que nos ensina a histeria. Neste caso, o cérebro está intacto. No entanto, para ser possível inserir um juízo moral, o examinador interpela:  “você sabe o que faz”?  Ou: “você tem noção (=consciência) dos seus atos”? Uma torção semiológica é encoberta pelo sistema fechado “cérebro/mente”. E o paciente não será escutado, embora "o seja".
(...)
A.M.

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