ALÉM DE DEUS
Santa Teresa de Jesus teve outro amor, além de Deus. Um amor mais carnal e menos confessável: Jerónimo Gracián. Ela dirige a Gracián uma de suas duas cartas manuscritas inéditas descobertas durante uma operação da Guarda Civil espanhola, juntamente com outras 17 obras de arte. Santa Teresa já estava com quase 60 anos, mas isso não impediu que se apaixonasse por aquele frade jovem disposto a acompanhá-la na renovação de uma Igreja corroída pela depravação existente naquela época (1578), com freiras corrompidas e frades bêbados envolvidos com prostitutas. A esfera eclesiástica estava mergulhada em duras disputas de poder entre os dois grupos de carmelitas, os calçados e os descalços.
“Para meu padre e mestre, frei Jerónimo Gracián da mãe de Deus, em suas mãos...”, começa a missiva. Teresa de Jesus, também conhecida como Teresa de Ávila, e Gracián tiveram de suportar as fofocas que seu relacionamento provocava em sua comunidade religiosa. Principalmente Gracián: ele acabou fugindo de seus próprios irmãos, os carmelitas descalços, que conseguiram expulsá-lo da Espanha. “Foi perseguido por seguir as ideias de uma mulher, foi capturado por corsários e acabou sendo acolhido por aqueles que tinham sido seus adversários: os carmelitas calçados”, comentou o jornalista e escritor Fernando Delgado, que escreveu um romance baseado na relação entre os dois, Sus Ojos en Mí (“seus olhos em mim”).
As cartas de Santa Teresa para seu amor secreto no século XVI Esses homens que se acham Deus.
“Em muita graça nos caiu o que respondeu aos calçados sobre o trabalho que eles realizam em Medina e como convencem as freiras a obedecer ao provincial”, escreve Teresa em 19 de agosto de 1578 em Ávila. “Ali está como vigário Valdemoro, que não obteve votos para prior e o provincial o deixou como vigário para que remediasse aquela casa; e ele, desde aquele episódio bem conhecido, está muito mal com a prioresa Alberta. Andam dizendo que terão de servi-lo e muita coisa. As outras morrem de medo dele. Já as dobrou”.
“Em muita graça nos caiu o que respondeu aos calçados sobre o trabalho que eles realizam em Medina e como convencem as freiras a obedecer ao provincial”, escreve Teresa em 19 de agosto de 1578 em Ávila. “Ali está como vigário Valdemoro, que não obteve votos para prior e o provincial o deixou como vigário para que remediasse aquela casa; e ele, desde aquele episódio bem conhecido, está muito mal com a prioresa Alberta. Andam dizendo que terão de servi-lo e muita coisa. As outras morrem de medo dele. Já as dobrou”.
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Patricia Ortega Dolz, El País, Madri, 13/07/2018, 16:53 hs
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