Clínica dos afetos - I
Contemplando-se a história da psiquiatria, está ausente o estudo dos afetos. Isto se deve, pelo menos, a que 1- os afetos são expressões subjetivas que estão à margem das codificações científicas; incompreensíveis e opacos. 2- eles implicam, antes de tudo, no funcionamento de relações, o que atinge em cheio a relação de poder do médico com o paciente, tema constrangedor para o psiquiatra. Estas são linhas de pesquisa que operam a subjetividade e o poder. Observe o declínio hoje da psicopatologia (onde estariam os modos de subjetivação?) e o lugar científico de uma psiquiatria supostamente asséptica, longe do mundo "sujo" do poder: a neuromania. Ao avesso, uma clínica dos afetos trabalha com os afetos enquanto real único e múltiplo, realidade social, realidade do mundo, vida. Não como uma transcendência (alturas ou profundidades imaginárias) mas como territórios existenciais inseridos num universo planetário cada vez mais esvaziado de sentido (tempos internéticos/capitalísticos).
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário