SEMPRE JAMAIS
A sensibilidade está exposta. Sem referências de sentido nem valor prévio. Por isso, de todo lado chegam fluxos de signos em velocidades infinitas. Muitos atravessam a barreira da pele na alma inquieta. Atenção, perigo! É que eles, os signos, se tornam raízes afetivas plantadas em vontades débeis. Um mundo pétreo esmaga olhos miúdos afeitos a viagens no corpo intenso. No entanto, agora algo mudou, alguma coisa não nomeada escapou desse arrastão sinistro. Isso atravessa superfícies corporais que ardem, gritam e fazem das manhãs frias um caminho de luares errantes. Trata-se do acontecimento. Ele fala por mim, fala para mim de dentro do verbo que não diz o próprio nome. Ao lhe encontrar, tudo recomeça: o brilho das canções sem origem, sem destino, mas tatuadas no céu da experiência, surge na delicadeza e numa alegria solta no ar. Enfim, a sensibilidade exposta recolhe em si orquídeas brancas e eternas. Ninguém soube e jamais saberá suas razões para amar.
A.M.
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