10 ANOS DE CAPS: RELATOS DO TEMPO - 17
19 de março de 2014
Aventuras raras em tempos de mesmice. As visitas domiciliares eram uma linha de pesquisa ao ar livre e ação prática. "Um pouco de ar senão eu sufoco". Coisa nova na minha historia profissional, pelo menos como dispositivo-do-caps. Elas traziam a questão do “fora do Caps mas dentro do Caps” e de como a psiquiatria, na sua bio-neuro-versão-atual estava distante da realidade, e portanto do paciente. Um psiquiatra sem o eu como centro de si, já disse, era a identidade profissional que rachava nas superfícies do mundo. Haveria que citar muitos nomes de colegas que, em meio a circulação urbana (e às vezes rural) na busca de endereços “fantasmas”, exerciam a aliança técnica e pessoal num trabalho difícil, surpreendente, e por isso instigante. Não posso deixar de citar o companheiro Marx, Rose, Mislaine, Letícia, Vinícius, entre outros, além dos mil motoristas, rotativos a cada semestre e a cada ano. O certo é que as visitas tinham o gosto do acaso, do desconhecido e do indeterminado na clínica da saúde mental. O locus visitado nem sempre correspondia ao locus imaginado. E nos virávamos na arte das experimentações. Anos depois, precisamente após 2017, o dispositivo “visitas domiciliares” incorporou-se à técnica do cuidado como arte e ética de um Caps comprometido com a Vida. Mas isso é assunto para outros textos.
A.M.
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