NOMES TROCADOS
O trabalho com o conceito é duro porque implica em práticas concretas, inadiáveis. “Ela tentou se matar”. Assim, quando se fala em “preconceito” a ideia é assinalar um erro de avaliação ante um objeto visado. Mas a questão é mais profunda. “Conceito” remete ao real, não a um real dado, estabelecido, mas a um real a se criar, a se produzir, a se inventar. Pensar é criar conceitos, alguém já disse. Vamos ao ponto. A psiquiatria, não só como especialidade médica (todos sabem) mas como forma social (ninguém fala) ocupa, óbvio, um lugar na Saúde Mental. Isso faz por embaralhar (como se embaralha cartas) o real significado das práticas clínicas em serviços de saúde mental. Ou seja, o cuidado ao paciente e a ação do técnico em saúde mental se tornam reféns da cloaca epistemológica da medicina. Tudo em nome dos ideais humanitários que nutrem regimes de mando e comando, ainda que democráticos. O fato é que quando se fala sobre um serviço ambulatorial de saúde mental, talvez se fale do ambulatório (maquiado de tratamento) da antiga jovem psiquiatria dos muros. Por outro lado, quando se fala de um centro de atenção psicossocial, estou convencido de que aí funciona (em tempos covídicos) a verdadeira prática dos técnicos em saúde mental. Ela se traduz na criação (às vezes inglória) de uma ética do cuidado ao paciente, sim, sim, um ambulatório de saúde mental. Por enquanto...
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