SEM AFETO
Não há, nos livros de psiquiatria clínica, algum capítulo voltado ao estudo dos afetos. Nos livros atuais fala-se muito sobre as sinapses. Em psicopatologia, outrora, havia sim algumas considerações sobre os afetos do paciente. No entanto, elas não diziam o que era de fato o afeto, ou seja, não havia (nem nunca houve) um conceito de afeto. Em troca, diz-se que afeto é o que não é pensamento, memória, consciência, atenção, sensopercepção, inteligência... Uma definição pelo negativo, imaginária e urdida num vazio histórico-conceitual. Esse dado expõe à luz do dia uma fraude teórica. Por que é essencial discutir o conceito de afeto? Porque é através dele que se dará (ou não) o vínculo terapêutico com o paciente, ou mais precisamente, a construção da relação de ajuda técnico-paciente. A isso se acresce o dado empírico de que na clínica, frente ao psiquiatra, é muito comum a atitude negativista do paciente: ou seja, ele não quer saber de tratamento, não se acha doente, acha que só ele está certo, não responde às perguntas, não quer sair de casa, que o deixem em paz, etc... Que afetos sustentam esse tipo de atitude?
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário