domingo, 15 de novembro de 2020

Céu azul. Cores vivas. Você rindo

de alguma coisa ou alguém que está à esquerda

do fotógrafo. É talvez domingo.

É claro que essa sensação de perda


não está na foto, não – não está na imagem

extremamente, absurdamente nítida.

E se fosse menor a claridade,

ou se estivesse sem foco, ou tremida,


ou se fosse em sépia, ou preto e branco,

talvez a foto não doesse tanto?

Você, às gargalhadas. O motivo


você não lembra. A foto é muito boa.

Naquele tempo você ria à toa,

você lembra. Você ainda era vivo.



Paulo Henriques Britto

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