quarta-feira, 21 de abril de 2021

A bruxaria e o feminino através da história

Bruxa, feiticeira, mandingueira, adivinha, vidente, maga, mágica, necromante, nigromante, lâmia, xamã, sábia, sacerdotisa, pitonisa são alguns dos termos associados àquela mulher que manifestava e manifesta algum conhecimento sobre - presságios, adivinhações, benzeduras, curas através das ervas, partos e orações - cultuando um mundo invisível, mágico, misterioso e numinoso sobre o qual o conhecimento científico e racional tem muito pouco a explicar e comprovar. Para que entendamos as transformações históricas pelas quais as representações da imagem da “bruxa” passou, se faz necessário olharmos para um passado bem longínquo em que o feminino era visto como força fundamental para a sobrevivência na terra.

Como nos conta a História e nos comprovam estudos arqueológicos1 houve uma época em que uma cultura “matrifocal” regia nossa civilização. Tal cultura denomina-se “matrifocal,” e não “matriarcal,” pelo fato de não permitir, principalmente, distinções hierárquicas entre homens e mulheres.2 Não havendo relações baseadas no poder, os indivíduos relacionavam-se com o princípio do coletivo, do trabalho e vida em comunidade onde não havia espaço para guerras, ameaças e destruições de seus semelhantes. A vida era totalmente regida pela relação entre o indivíduo e a natureza. As mulheres, por seus ciclos menstruais e de fertilidade e gestação, eram diretamente relacionadas com os ciclos da natureza. A própria terra era considerada como a “grande mãe,” aquela que nutria e dava sustento àqueles que dela dependiam, daí a importância atribuída ao aspecto “feminino,” tanto do ser humano quanto da terra que habitava. O indivíduo era totalmente absorvido e integrado à natureza, aos seus ciclos de vida e morte, e aos cuidados ao tratar com a terra, pois dela advinha sua existência e continuidade.3 (CABREIRA, 2012, p.23-24)

Tal cultura matrifocal foi primordialmente retratada através da mitologia, do folclore e de achados arqueológicos, em que foram encontrados não só pinturas rupestres neolíticas em cavernas representando figuras femininas, bem como esculturas do corpo feminino bastante avantajado em tamanho, como a Vênus de Willendorf (CIVITA, 1997, p.10) com seus seios e corpos arrendondados representando feminilidade e fertilidade: a mulher doadora de vida.

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Bruno Vinicius Kutelak dias e Regina Helena Urias Cabreira, Curitiba, maio de 2019

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