Perplexidades órfãs – III
1-Como foi dito, não existe o “bolsonarismo”, mas sim o fascismo à brasileira. No entanto, para facilitar a compreensão do argumento, usaremos o termo.
2-O bolsonarismo é uma cepa tropical do fascismo, doença psicossocial iniciada em 1922 na Itália.
3-No Brasil esta cepa assumiu características semiológicas peculiares. Descrevamos o portador sintomático. A registrar: Isso tem uma base clínica.
4-Ele se julga uma boa pessoa (talvez seja de fato) amante dos valores do humanismo tipo senso comum. Linhas cristãs e mesmices do homem comum.
5-A atividade cognitiva costuma estar preservada. Nada de lesão cerebral ou disfunção dos neurotransmissores. Definitivamente, os neurocientistas não o alcançam. Trata-se de um cidadão ( ou cidadã) normal.
6-O perfil social é o de classe média, habituada e identificada ao ritmo do consumo internético, veloz e massacrante. Ele não se importa. Até goza.
7-Apresenta ideação deliróide (quase delírio) ou delirante (delírio primário) com forte teor paranóide. Em um caso como no outro, “há um complô planetário em marcha”.
8-O seu objeto persecutório favorito alterna formas abstratas ( o comunismo) com formas concretas ( STF – Alexandre de Moraes, o “Xandão”). O nosso paciente sofre por isso.
9-Apesar da atividade cognitiva preservada, equivoca-se quando reduz a esquerda ao partido dos trabalhadores. E pior, ao Lula. Inútil contestá-lo. Há uma espécie de ideação “burra” que se afirma como verdade.
10- Ora, tal delírio sistematizado não teria problema, não assustaria ninguém se não tivesse como combustível um ódio profundo e visceral à transformação social.
11- No “sete de setembro” vai para a rua anunciar a nova ordem das tradições intactas, apesar de todo o pesadelo da humanidade. Um horror coletivo.
A.M.
Descrito com detalhes e sem exageros. Gostei da pitada de ironia que o contexto nosso exige. Mas como diria a gíria atual: tá desenhado.
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