OS FUNCIONÁRIOS DA VERDADE
Eles estão em toda a parte. Talvez sejam a maioria.
São funcionários porque funcionam, operam, agem. Sustentam o mundo estabelecido dos humanos.
Iremos citar alguns exemplos como tentativa de caracterização objetiva e subjetiva. São linhas existenciais que os constituem e se misturam. Por isso um lusco-fusco na expressão prática se impõe como camuflagem de crenças.
Os funcionários administram o acaso para que seja possível a manutenção da ordem. E apelam para a verdade como referência única.
Essa verdade pode ser várias, mil, cem mil. Permanece, contudo, sendo uma verdade.Os funcionários precisam de certezas, assim como os pulmões de ar.
Encontramos na grande política funcionários vitalícios. Tanto os que dominam quanto os que são dominados. Há quem chame estes últimos de massa.
Começamos pela política porque aí a história da humanidade é a de um pesadelo do qual não se acorda.Mas poderia ser outro começo.
Por exemplo, a religião: nela os funcionários (ou fiéis) costumam ser ungidos acima dos mortais, na medida em que cultuam a imortalidade.
Mas há muito mais, já que a verdade ajuda (e muito) a viver.
A universidade, e sua forma que vem da Idade Média, usa dos seus para promover a verdade do pensamento. A sociedade fica abaixo no quesito intelectual.
A verdade da academia exporta seus seguidores para a ciência. Ou o inverso, tanto faz.
Para complicar a questão da verdade, o capital e o seu método, o capitalismo, fabrica uma verdade única, a mercadoria. Esta se expande e se disfarça nos poros abertos do corpo social. Uma longa história atualiza a barbárie planetária do horror econômico. Ou seria político?
A pessoa humana (conceito cristão) naturaliza o funcionamento da verdade como crença no eu, na consciência e no céu como eterna promessa. O futuro não chega.
As massas consomem e gozam palavras-de-ordem veiculadas pela mídia.
Fake news são verdades, mesmo não sendo.
Em casos extremos, funcionários da verdade tornam-se fascistas. Querem tampar o buraco de sentido das sociedades de controle. Uma crispação paranóide se anuncia como crise política.
No amor, o romantismo traz o tom adocicado da verdade para os amantes da fantasia. Isso não funciona mais, exceto como arcaísmo.
A.M
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