COMO FAZER A DIFERENÇA?
A diferença é um conceito discutido em profundidade em duas grandes obras do pensador Gilles Deleuze. Trata-se de Diferença e Repetição (1968) e Lógica do Sentido (1969). Tal densidade conceitual pode (e deve) ser usada por não-filósofos para o exercício de uma atitude ética essencialmente prática. Quer dizer: o mundo não é uma substância mas sim problemático (oco) por sua própria natureza e não por uma instância que lhe seria superior (a razão, por exemplo). Assim, tudo passa a ser imanência, tudo está na terra. O corpo da terra se tece na arte dos encontros pessoais e impessoais. Aí reside a diferença como linha curva, incerta, perigosa e delicadamente potente. Não exige nem possui explicações. Para experimentá-la basta seguir o fluxo do devir (o conteúdo do desejo) em suas infinitas possibilidades de conexão com outros devires. É com a criança-em-nós e com o tempo não-cronológico que a diferença estabelece seu traço irreversível. Mas não é fácil. Sem que se perceba, as instituições sociais administram o medo no interior de nós mesmos, naturalizando o horror e racionalizando a existência: a aposta é numa realidade mortuária for ever,
A.M.
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