ESTAMOS TODOS MEDICADOS
A vitrine mercadológica dos psicofármacos, apesar de propiciar alguns usos benéficos ao paciente, acabou por cassar a sua fala e o que seria a escuta pelo técnico em saúde mental. No interior dessa ótica, considera-se que estão todos farmacologizados, pacientes e técnicos, mesmo que os segundos não usem (em si mesmos) remédios da mente. ( Será?) De todo modo, a farmacologia estabeleceu uma condição de possibilidade ( aparentemente irrecusável ) para se atuar clinicamente frente aos transtornos ditos mentais. Dir-se-ia que o fármaco está à mão (uso imediato) ou como reserva para alguma intervenção assim que necessária. O caso das psicoses é exemplar, enquanto o das depressões caminha para isso, na medida em que ninguém mais poderá ficar deprimido. Esboço exagerado de análise? Pode ser, mas a clínica psicofarmacológica cada vez mais expande o seu campo e o seu poder rumo a um suposto cérebro enfermo, enquanto o mundo explode em rajadas de um niilismo avassalador. Tempos capitais.
A.M.
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