LINGUAGEM E PODER
Na prática clínica, a linguagem técnica utilizada compõe um território importante de significação para o paciente. Ela é mediada por palavras de ordem, as quais estabelecem de modo implícito que o paciente deve obedecer para só assim ser ajudado, tratado, talvez curado. Isso não é um mal em si pois constitui toda relação humana onde está presente o especialista. Esse dado se agrava quando ocorre na clínica, já que a ação do especialista pode tocar o limite entre a vida e a morte. O sofrimento da espera (o que acontecerá?) é modulado pelo poder . Produção de angústia. O paciente, ser vulnerável por excelência, atende pelo nome de "paciente" antes mesmo de dizer o seu próprio, uma singularidade apagada na demanda por ajuda. É óbvio que as situações de vulnerabilidade tem variáveis múltiplas. Daí a Ordem ser impessoal, vir de fora e preceder a técnica. Deriva da forma social "Saúde", a qual é apropriada pela medicina, profissão hegemônica. Assim o paciente sofre um efeito de subjetivação médica (pensar como um médico) na sua vivência, na expressão verbal e corporal. Não é incomum chegar com um auto-diagnóstico pronto. Esta é uma verdade importante para ele, mesmo que esteja errado. Enfim, no Encontro em saúde o poder é uma das condições de possibilidade para o ato dito terapêutico. A este se somam linhas técnicas, não-técnicas e imprevisíveis (sem nome). Toda uma multiplicidade de escolhas de intervenção se coloca na relação entre os corpos visíveis e invisíveis.
A.M.
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