A DIFERENÇA EM SAÚDE MENTAL - VIII
Conforme a diferença, o diagnóstico psiquiátrico é funcional e não essencial. Isto significa dizer que a pergunta-chave passa a ser: a quem ou para que serve tal diagnóstico? Ora, a psiquiatria tem ao seu dispor um manancial extensíssimo de diagnósticos, um sistema classificatório de sintomas e comportamentos. Objetivam um controle sobre os corpos e as mentes. Tudo, claro, com respaldo jurídico e institucional. Por outro lado, a diferença em saúde mental vai na contra-corrente. Não que traga uma verdade pronta para se opor à verdade da psiquiatria. Nada seria mais tosco. Ao contrario, a diferença não usa o conceito de verdade, e sim o de criação. Neste sentido a prática da diferença em psicopatologia se caracteriza pelo ato de experimentar o novo, inventar, arriscar. Adota o critério da ética da potência de viver e da estética dos corpos em relação. Em outros termos, a diferença na psicopatologia é a clinica da diferença: cuidar do outro (e de si mesmo) se traduz numa ética como prática concreta. É que o Encontro com o outro (não só a pessoa do paciente, mas o mundo) expressa um estilo singular de captar signos (mesmo os terríveis, os destrutivos) e transformá-los em arte. A diferença é uma produção de arte. Poucos a suportam.
A.M.
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