O QUE É A MENTE? parte 2
1- Na clínica em psicopatologia (ou para além dela) é possível afirmar que o delírio vem do social. Atribuir ao cérebro a origem do delírio não só é um equívoco etiológico como também um pretexto para que a psiquiatria atual atue como serva da máquina de poder disfarçada de ciência neurobiológica.
2- A linha (percurso) do delírio do social até a forma de expressão num discurso individual torna-se possível porque a mente é um sistema conceitual aberto; abarca múltiplas realidades, determinações que efetuam uma variação contínua e subjetiva.
3-Desse modo, a pesquisa da mente é correlata à pesquisa do delírio; a questão da verdade está no miolo; mentes que acreditam em delírios?
4-Se a mente é o universo, o delírio também o é; exposta aos fluxos de signos de toda ordem ( sociais, pessoais, familiares, éticos, políticos, históricos, espirituais, etc) a mente é ela própria delirante mesmo que não esteja a delirar.
5-Observe: tudo pode estar nos trilhos ( uma marcha militar impecável, por exemplo) mas a depender de uma análise de perspectiva, isso será delirante.
6-Eis então a máquina do capital; ela codifica a experiência do universo em prol de um único sistema de valores econômicos e semióticos: o Deus-capital.
7-A linguagem vem de fora e produz a mente; o cérebro não produz a linguagem: é o inverso; no entanto, ele é condição para a expressão subjetiva: representa, replica, informa e comunica; mas não pensa.
8-O pensamento, composto de afetos recolhidos do universo, é um pathos, ato de pensar, prática de corpo, fazedor de mundos.
9-Só que é muito difícil pensar; normalmente se pensa que pensa; nada, nada, só uma pálida representação do real.
10- Isso porque a máquina do capital, esperta e aliada da ciência e da tecnologia, impede a mente da sua função de pensar: por isso a adoram.
A.M
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