segunda-feira, 16 de setembro de 2024

POÉTICA DOS ENCONTROS

Uma linguagem poética alumia os corpos que antes se arrastavam como organismos em ordem unida. Deste modo desarruma os enunciados da razão esperta em prol dos afetos que circulam sem fim. Não é o poeta o único que expressa a "sua" poesia, mas sim as multiplicidades: elas formigam e pulsam em horas desérticas e transitórias. Habitam a chamada "pessoa humana"e se nutrem de micro-signos no círcuito enlouquecido do viver por viver. Todas as palavras são embaralhadas e extraídas ao acaso dos encontros. E tudo recomeça sob a égide da criação do tempo em meio às velocidades mais estonteantes dos dias tecnológicos que correm. Uma poética da diferença afirma a superioridade dos corpos lisos e inocentes sobre organismos endurecidos pelas agências do poder invisível. Só assim o ato de pensar, encharcado de afeto e mistério, nasce a cada segundo. Como um raio.


A.M.

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