SEGUIR O RIZOMA
(...)
É a mesma coisa quanto ao livro e ao mundo: o livro não é a imagem do
mundo segundo uma crença enraizada. Ele faz rizoma com o mundo, há
evolução a-paralela do livro e do mundo, o livro assegura a
desterritorialização do mundo, mas o mundo opera uma reterritorialização do
livro, que se desterritorializa por sua vez em si mesmo no mundo (se ele é
disto capaz e se ele pode). O mimetismo é um conceito muito ruim,
dependente de uma lógica binária, para fenômenos de natureza inteiramente
diferente. O crocodilo não reproduz um tronco de árvore assim como o
camaleão não reproduz as cores de sua vizinhança. A Pantera Cor-de-rosa
nada imita, nada reproduz; ela pinta o mundo com sua cor, rosa sobre rosa, é
o seu devir-mundo, de forma a tornar-se ela mesma imperceptível, ela
mesma a-significante, fazendo sua ruptura, sua linha de fuga, levando até o
fim sua "evolução a-paralela". Sabedoria das plantas: inclusive quando elas
são de raízes, há sempre um fora onde elas fazem rizoma com algo — com o
vento, com um animal, com o homem (e também um aspecto pelo qual os
próprios animais fazem rizoma, e os homens etc.) "A embriaguez como
irrupção triunfal da planta em nós". Seguir sempre o rizoma por ruptura,
alongar, prolongar, revezar a linha de fuga, fazê-la variar, até produzir a
linha mais abstrata e a mais tortuosa, com n dimensões, com direções
rompidas.
(...)
G.Deleuze e F. Guattari in Mil platôs, vol 1
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